Confesso em pequenas frases
a maior das descobertas...
A estupidez que se liberta
do sentimento que doe
dentro da gente como
colírio para os olhos.
E como se fosse artista,
Deus ou Presidente,
faço dele um espetáculo,
um instrumento para toda vida,
um remédio para as horas amargas.
Confesso em palavras assustadoramente nuas,
o que realmente sinto,
as vezes transmito em canal fechado,
as vezes resisto ao que está escrito.
Confesso numa letra só,
o significado de uma vida inteira
à beira D’alma, distante do mundo,
no meio da casa, onde ela faz
o universo girar, onde o sonho,
o choro, o coro passam
pelo milagre da multiplicação.
Confesso quase sem recursos,
o amor que move o coração
na direção dos filhos, sem ele
nada resta, sem ela nada existe,
tão somente um vulto masculino
a procura do umbigo.
Confesso: “as mães são assim”,
seres que não tem fim,
Deusas do universo individual
de cada filho, senhoras da dor,
Cristos do amor incondicional.
Confesso-me incapaz de traduzir sua lógica,
Confesso-me insensível para perceber seus desejos,
encerro em mim o seu universo feminino.
TESTAMENTO DOS FILHOS PARA AS MÃES
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