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Contos-->A AMANTE CHINESA -- 05/04/2005 - 13:48 (LISE MARIE UPJAT) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As mulheres fascinam os homens pela sua forma, sua cor, seus olhos, seus cabelos, tão iguais e tão diferentes. Comigo não é diferente, sempre quis conhecer uma mulher chinesa.
Nas alamedas da vida, entre uma viagem e outra de representante comercial conheci Mai.
Não falamos uma palavra igual, eu nada sabia de mandarim e ela nada de minha língua, mas o que a boca e o cérebro não acertavam os olhos de Mai adivinhavam.
Olhos puxados, que viam tudo, que não viam nada, cabelos negros e longos e que não são macios como das ocidentais, pois são muito fortes aqueles fios, eram fios de seda, negra e brilhante e que pareciam conservados em rosas e baunilha, pois este eram os cheiros que ele exalavam.
Minha Mai, ( Mei na língua dela), mãos pequenas e ágeis, corpo cheio de curvas e macio, quando amávamos éramos Mai apenas, eu me perdia naquela pessoa, numa luz inconfundível de lilás e dourado tomavam conta de nós e eu era só Mai, nada mais.
Mai na chuva, como um mármore amarelado muito antigo, com aquelas formas belas de Ártemis ou Atenas, os cabelos colados ao corpo e os seios pequenos e macios. Mai no sol, era como se lua brilhasse de dia e cada flor de laranjeira que caia das árvores da praça se transformassem em estrelas naqueles negros cabelos.
Meu mundo parava quando eu estava com Mai, ela de nada entendia do que eu falava, mas não era preciso, depois do amor o beijo macio, e o cheiro de baunilha, pela madrugada uma xícara morna de chá e um docinho feito por aquelas pequenas mãos amarelas. Sempre Mai.
Eu gostava de cobrir o corpo de Mai de pequenas florinhas do campo, tão belas e selvagens como ela e que restavam jogadas por todos os lados, alguma amassadas irremediavelmente e o que restava era o cheiro de flor e do amor em nossos lençóis.
Meu tempo passou e tinha de voltar, não havia mais desculpa para dar para minha empresa e Mai não disse nada.
Naquele lugar confuso eu não era nada e as pessoas se mesclavam numa colcha de retalhos interminável muito olhos amendoados, negros cabelos por todos os lados, patos laqueados e monges budistas.
Muitos anos depois encontrei Mai numa loja de especiarias gastronômicas, linda como sempre e falando minha língua.
Perguntei o que era da vida dela e porque nunca ligara para mim, eu esperei tanto que ela me procurasse, que eu pudesse buscá-la, enviei muitas e muitas cartas e até um presente que voltou. Eu esperei e esperei demais, e para minha surpresa ela apenas perguntou meu nome.
- Adan. Respondi exasperado por tal esquecimento, pois eu nunca mais me esqueci dela.
Minha Mai me olhou de cima a baixo, perguntou em que eu trabalhava, respondi correndo, tudo de uma vez, e ela me disse então:
- Mai era minha mãe, mas ela morreu faz anos e eu fui criada pela minha avó.
O tempo passara e só eu não havia percebido isto, até àquela hora.
Despedi-me da minha Mai, dizendo que havia conhecido sua mãe em uma viagem e saí correndo dali.
Cheguei em minha casa vazia e me olhei no espelho, eu estava mudando e mudando rapidamente, minha pele envelhecida, rugas profundas apareceram em torno de meus lábios, meus olhos criavam o arco senil, e sequer consegui ver direito o que e quem eu fitava.
Eu estava velho, envelheci esperando por um dia que nunca busquei realmente.
O tempo havia passado e na sua marcha esmagadora Mai continuava linda, em algum lugar nas conchinchinas dos céus e eu havia morrido nos dias e noites de nada buscar pela minha vida.
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