Casa de barro,
Tanque de cimento,
Do poço, água fria, muito fria...
Agora as vítimas,
Um par de meias pretas, uma cueca azul e uma camisa branca.
O instrumento da tortura, a mão e o sabão,
A sua escolha...
A meia já passou pela tortura.
A cueca espera nos cantos, meio que se escondendo no fundo do cesto.
A camisa branca agora vai ver o que é bom...
Ela marcha resoluta para as mãos do algoz, quase sem medo, como uma heroína ou mártir,
Talvez uma santa.
Sei lá!
Ai, ai, ai, gritaria a camisa se ainda tivesse boca.
E a mão malvada ensaboa e esfrega sem parar, cada pecado e mácula será pago,
Agora, cem reencarnações sem perdão.
O anjo Lavadeira cobra seu dízimo à camisa.
Agora o último tormento...
O afogamento brutal,
Em dois baldes de água gelada do poço.
É inverno..
Chega de calvário!
Porém a via-crúcis ainda não acabou...
E a camisa foi crucificada no varal.
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