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Poesias-->CONVERSA COM FERNANDO PESSOA - Pobre Feliz? Faze-me rir! -- 07/05/2006 - 21:27 (Tereza da Praia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONVERSA COM FERNANDO PESSOA - Pobre Feliz? Faze-me rir!



Texto de Fernando Pessoa







&
147.; Tenho dó dos pobres.



E também tenho dó



Dos ricos. Tenho mais dó dos ricos porque



são mais infelizes.



Quem é pobre pode



julga que, se deixasse de



o ser, seria feliz. Quem é



rico sabe que não há



maneira de ser feliz.



Quem é pobre tem uma



só preocupação,



ou uma só preocupação



principal_ a pobreza.



Quem é rico, como, infelizmente,



não tem essa,



tem que ter todas as



outras. Nunca vi homem



rico mais feliz que um



pobre.; a não ser que por



felicidade se entenda



aquilo que se pode



comprar no alfaiate e no



ourives, e comer-se num restaurante (...)



Os pobres são felizes:têm



uma ilusão_crêem que o



alfaiate, o ourives, o dono



do restaurante caro



são os dispensadores de felicidade.



Cêem nisso.



Os ricos são ao ateus do alfaiate.&
148.;











Fernando Pessoa



Escritos Auto biográficos e Reflexão Pessoal







Pobres Felizes, faz me rir!



Tereza da Praia







Ah, meu caro Fernando,



Pessoa da minha estima



Como és tolo.



Riqueza não traz felicidade,



Somente manda buscar



Este é o dito popular.



O rico não é feliz



Porque quer sempre mais,



Anda procurando a paz,



Preocupado com seu sossego.;



Vivi morrendo de medo



De que mexam em seu queijo.



Aves de rapina,



Abutres enrustidos.



Olha com olhos de ver, Fernando.



Que tamanha debandada,



Todos eles incomodados



Com os ares de mudança



Que sopra por cá,



Pelas bandas da América latina



Que sempre serviu de latrina



Para os ricos arrogantes.



Fernando, longe de tua aldeia,



A onde a vista, não te avista



Um tempo cruel se homenageia.



Com ares de saudosismo



Dizem que bom tempo foi aquele,



Que a última palavra era deles.



Quando imperava o cinismo



De uma falsa moralidade.



Tudo acontecia outrora



Como acontece agora,



Com o detalhe,



Todos sabiam,



Todos faziam



Mas não comentavam.



Ficava na memória feito entalhe.



Os meios de comunicação de massa



Gozavam da liberdade



De publicar o que os ricos lhes mandavam.



Ah liberdade... Liberdade...



Em seu nome, fizeram tanta barbaridade,



Quanta falsidade, Pessoa...



Todos eles numa boa



Dizendo que pobre é feliz...



Sim. É feliz



Na ignorância que atravanca o país.



Pobre é feliz,



Porque lhe dizem e ele acredita



Que só há impunidade



Que não existe verdade,



Nem remédio, nem solução...



Só se voltarmos ao tempo do império



De preferência retornarmos à escravidão.



Pobre é feliz, Fernando



Porque ignora os mandos



E os desmandos



Dos ricos que o exploram.



Pobre não importa com a pobreza,



Já faz parte de sua sina a tristeza



De querer para si e não ter



E ter para dar à riqueza.



Quem importa com a pobreza é o rico, meu Pessoa.



Dizem eles, a pobreza é poluente



Vamos acabar com esta gente.



Depois, pobreza demais é ameaça



À opulência devassa.



Pobre é feliz



Isto é o que se diz



Porque nele colocam mordaça.







Fernando, grande poeta,



Nada somos, nada seremos,



Mas poderemos querer tudo,



Porque temos todos os sonhos do mundo.



Nesta seleta



De palavras,



Da minha e de tua lavras



Não é a pobreza de pessoas



A que me refiro.



São nações



Que buscam a autonomia,



A auto-determinação



Que não são só futebol,



Carnaval e alegria...



Tango ou petróleo,



Safaris e lutas tribais.



É muito, muito mais.



Não estamos vencidos,



Mas sabemos a verdade,



Estamos lúcidos



Mas não estamos a morrer...



Estamos perplexos



Achamos e não esquecemos



Atiramos a roupa suja que somos



Sem hipocrisia,



no cesto do lixo da existência,



num gesto de nobreza



E nos vemos nus, numa nudez absoluta,



Uma franciscana pobreza



Mas o ideal não morreu.



Não estamos de luto.











Tereza da Praia



Série: Rapadura é doce, mas não é mole.







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