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Contos-->À Espera de um milagre -- 10/04/2005 - 19:44 (Erika Bataglia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À Espera de um milagre

A flor rompeu em um dia claro de primavera. Suas pétalas rubras brilhavam refletindo a luz de forma exuberante, cálida. Ao olharmos mais atentamente percebíamos um leve sorriso na pequena boca escondida, sorriso profundo em essência, mas temeroso. Se alguém percebesse tamanha felicidade poderia num momento desesperado de ciúme cortar seu talo e, ao vê-la tombar, sorrir o riso dos invejosos. De forma discreta a bela flor continuava ali, banhando-se na luz do seu rei, alimentando-se do seu calor, aninhando-se na sua idéia. Durante o dia tinha seu calor no corpo e à noite em suas raízes, continuamente aquecidas apesar da escuridão. Não o via, pois dormia, mas sabia que estaria ali ao acordar.

Era tão jovem ainda, bela e forte, que seu grito de morte assustou, ecoou tomando o mundo. Sem que esperasse, uma nuvem negra havia pousado no seu rei. Sempre estivera ali mas em seu sonho a flor não a via. De repente não mais o calor, não mais o carinho. Ele continuava lá mas somente sua claridade chegava até a flor que, murchando, soltava o orvalho recolhido da noite em forma de lágrimas que escorriam por suas pétalas agora pálidas, banhando a terra ao redor e matando a vida com o sal deixado. Em vão tentava voltar a sentir seu calor, debilitada que estava. O pior eram as noites com suas raízes frias, insone à luz da lua esperando amanhecer o dia.

Lutava para ignorar a sombra que impedia seu renascer. Seu frágil corpo estava se apagando, impotente a esperar o suspiro final que deixaria o vento espalhar suas pétalas secas.

Entretanto, quando já não havia esperança, sentiu percorrer em seu corpo um leve calor de outono. Sorriu, um sorriso não tão esplendoroso, mas verdadeiro. Deixou-se tocar pelo seu rei de forma completa, estendia para ele suas pequenas folhas em sinal de gratidão e principalmente de esperança. Renovada, tornou-se novamente exuberante. Mas seu sol já não a aquecia tanto e deixava suas raízes frias à noite. A flor, desesperada, tudo fazia para que seu rei voltasse a brilhar como antes mas, inexperiente que era, não percebeu que ele já não refletia tão fortemente sua luz.

Apesar disso seu calor a fecundou, mas tão fraca era a luz que a semente murchou. Nada mais podia ser feito. A luz sumiu, a flor secou. Nada mais.
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