O garotinho parou na frente da lanchonete. Imagens de sorvetes e pirulitos, sanduíches, refrigerantes.
Possuía uma moeda de um real. O suficiente para pouca coisa.
Não que fosse pobre. Apenas fazia parte de uma experiência dos pais.
Recebera a moeda há cinco minutos, junto com o livre arbítrio. Tinha a oportunidade de gastar em doces ou economizar.
Sabia que o pai era um sujeito económico, fazendo de tudo para manter um certo padrão, com recursos bem administrados. A mãe também.
Os doces pareciam ter vida. O garoto imaginou que uns dois picolés surfavam sobre o balcão. Os sorvetes tinham mãos, chamando o curioso com o dedo indicativo. Os refrigerantes pulavam para o copo, vinham até a vitrine e pulavam com pernas de canudinho.
Dos sanduíches veio um cheiro tentador de bacon frito da cozinha.
Encheu a boca d água, sentiu um aperto no estómago, suspirou e contou aos pais que não ia gastar a moedinha. Precisava juntar recursos para garantir o futuro.
Os pais entenderam que haviam atingido o objetivo e convidaram o garoto para um lanche.
O garoto questionou quanto estavam dispostos a gastar. Uma vez esclarecido, convenceu os pais a comprarem lanche apenas para dois, passando a parte dele em dinheiro. Desse modo ganhou mais três reais.
Também exerceu o poder de persuasão, convencendo os pais a comerem apenas meio lanche, para manter a boa forma física. Foi assim que comeu um lanche inteiro.
Feliz com sua capacidade administrativa, passou o ano inteiro adquirindo recursos.
Foi assim que antes dos dezoito anos conquistou sua primeira lanchonete. Depois veio a cadeia de restaurantes.
A história do garotinho é igual a de centenas de homens de sucesso. Planejou, executou, controlou sua necessidade de supérfluos e serve de exemplo para quem pretende atingir objetivos na vida.
Outro garotinho que passava na frente da lanchonete ganhou a moeda e gastou em seguida. Não tinha pais nem planos, morrendo de fome algum tempo depois.