UM NOVO INDIVÍDUO, UM NOVO MUNDO
Domingos Vieira
Não haverá surpresa alguma se um novo atentado, até mais grave do que o ocorrido contra as duas torres gêmeas nos EUA, vier a acontecer em breve. Vivemos em estado de guerra permanente no nosso dia a dia. Em geral, nossa mentalidade é aquisitiva e competitiva, não diferindo da que impera entre as corporações, países e organizações ditas religiosas. A guerra declarada é apenas uma projeção espetacular do nosso viver diário. Globalmente e em cada parte do mundo há um enorme fosso, que se alarga cada vez mais, entre os que têm e os que não têm. Valores falsos levam a essa situação e à desordem nos vários campos da existência. Há extremos insuportáveis. Nesse contexto, a guerra é inevitável. Além disso, na atualidade, o crescimento da União Européia e da China está levando a uma rearrumação mundial em termos culturais e de poderio econômico e militar, o que ameaça a hegemonia da única superpotência atual. Em todo o mundo, existem pessoas, grupos e países que, tendo atingido uma suposta estabilidade econômica, não desejam a guerra. Buscam manter o seu padrão de vida, historicamente conquistado e mantido às custas da violência contra outros povos, grupos e indivíduos. Assim, nos EUA há pessoas e grupos que aceitam a rearrumação que está em curso. Preferem-na à guerra. Há, porém, aqueles que não aceitam essa reestruturação e consideram que devem manter a hegemonia a qualquer preço. São os chamados “falcões”, que buscam arrastar mais rapidamente o mundo para o abismo cavado por todos nós.
A conflagração é iminente. Um novo atentado, perpetrado pelos sedentos de sangue, antecipará a sua inevitável eclosão. As conseqüências serão incontroláveis. Da catástrofe deverá emergir um novo ser humano, cujo viver deverá ser vasto e pleno, correspondente à nossa verdadeira natureza, para a qual alguns já estão despertos.
Salvador - Bahia, 05 de setembro de 2002.
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