A VIAGEM DA PLUMA
Deita-se a pluma sobre o vento que a conduz em aspiral,
Para com ela viver o delírio que tem um vendaval.
Baila a pluma,
Contorce-se de prazer.
Em galgar longitude.
Sorrir, ao passar pela nuvem,
Que com ela dividem altitude
Prossegue viagem, percorrendo os céus,
Teto do infinito, que a abraça num aconchego,
Fazendo-a vibrar em gravidade sentida,
O prazer que tem a liberdade sem medida.
Já bem distante,
A saudade voa com ela em sentinela,
Quer voltar...
Mas o que fazer?
O seu condutor é rápido,
Não lhe ouve os rogos,
Não conhece seus modos.
Tarde demais!
A pluma se foi...
A leveza agora sobrevoa os montes.
Talvez um dia, quando o vento cessar,
Seja ela novamente embolada sobre a terra,
Ou encontre repouso sobre um peito que a acaricie,
E a solte de novo ao vento,
Para num novo tempo,
chorar seu novo lamento.
Jair Martins - 05/01/06 - 01h15
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