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Cronicas-->Quatro Poemas Perdidos e Seu Reencontro. -- 16/12/2003 - 22:15 (Márcio Scheel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quatro Poemas Perdidos e Seu Reencontro.

CONCRETUDE

de concreto, proponho:
sem me queres, queira-me
de olhar aberto,
mas que admita o sonho,
que eu ando assim meio deserto
e a ti em mim componho
- signo de signo, imagem,
sentido sempre incerto -
certa paisagem
que me escapa e se fia,
desejo que resiste
ao verso exato
e preciso, à poesia
e seus tênues limites
a abolir o ato,
essa humana ventura
(ardente paciência)
entre procura,
encontro, corpo e consciência.



______________________________

MOMENTO
"Somos o tempo".
Jorge Luis Borges

Domingo... O largo da matriz
Colorido de primavera.
Parece simples ser feliz
Em manhãs assim, feito esta

De olhar azul e céus vazios,
Sem um desespero sequer,
Perdido entre Borges - seus rios -
E o corpo fluído da mulher

Que passa, segue e regressa
Entre sombras, rosas e rimas,
E é grave feita uma promessa

Que se perde, mas se afirma,
Tão fria quanto o passar do vento,
Borges ou a làmina do tempo.


_____________________________

TODAS AS COISAS DO MUNDO SÃO BELAS.

Sorri, lê teus livros, ouve tuas músicas,
Que entre nós não há mistérios ou dúvidas
A serem desvendadas. Dança. Sorri.
Bebe o tom dourado e quente da tarde.
Que importa a vida, suas tantas verdades,
Quando, sei, concebe o sonho em ti?
Que importa a realidade se pode
Ler teus livros, ouvir tuas músicas,
Dançar, sorrir, beber a tarde, as dúvidas,
E ser feliz, e livre, e leve e clara,
Sem que nada te fira ou incomode?
E assim, como a mais órfã das estrelas,
Me ensina a volta ao bem e me revela,
No gosto azul de teu olhar, a certeza:
Todos os poemas são de tristeza.
Todas as coisas do mundo são belas.


____________________________


ERRO DE CÁLCULO.

A vida é só um perde e ganha,
Ventura pouca, aprendizado,
Sorte lançada, acaso ou fado
Suposto, que nos acompanha.
É aquilo tudo o que não vale:
O amor e outros enganos, ledos,
Tolos enganos, ou segredos,
Que se não revelam, quem sabe,
E se perdem na geometria
Do silêncio, no erro preciso
De saber que se está vivo
Sob a superfície do dia.
Assim, a vida é só que minto,
Disfarço ou finjo, mas não sinto.

P.S. - Às vezes cometo alguns versos. A juventude nos permite determinadas imprudências que, estou certo, o tempo há de corrigir da melhor maneira possível. Acredito, sinceramente, que de todas as formas de manifestação literária, a poesia é o maior desafio, porque exige que andemos constantemente sobre a corda-bamba das palavras, que são voláteis, fluídas, engenhosas, e nos espreitam, a cada quebra de caminho, como numa tocaia, sempre prontas às traições mais inconfessáveis. Um bom poema depende, inevitavelmente, da soma de uma série de artifícios: o ritmo, a sonoridade, a disposição dos versos, o silencioso jogo de sentidos que se estabelece entre as intencionalidades do poeta e as formas de expressão nas quais os poemas estão calcados. Mas, antes de tudo, um bom poema exige que as circunstàncias de sua feitura sejam sempre favoráveis. Não sei se é o meu caso. Os versos que cometo não distam muito dos enganos aos quais me permito. Escrever, sob muitos aspectos, é enganar-se hora após hora. Assim, a poesia a que me dei, como de resto tudo o que escrevo, penso ou faço, está fundamentada numa certa e inevitável negatividade: escrevo contra - a contrapelo, a contra-senso, a contra-mim, pelos signos do não.
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