Olho demoradamente a imensidão azul do mar, e procuro acompanhar com os olhos um pássaro livre que se perde no horizonte. Daí pra frente se quiser seguir viagem com o pássaro tenho que fechar olhos, e deixar que as asas da imaginação me guiem rumo ao desconhecido e suas fronteiras.
Sou despertado dessa viagem pela euforia de algumas crianças, que brincavam com um castelo de areia, lembrei então que um dia eu também construi um castelo , esse não era de areia, era feito de sonhos, graozinhos de sonhos que eu juntei ao longo da vida, e pensei em viver pra sempre nesse castelo. Mas não se vive de ilusão, percebi isso quando o vento da desesperança veio, e o meu castelo desmoronou, e com ele a melhor parte de mim, restando apenas os escombros de um coração em pedaços.
Me deixei levar pelas fantasias que eu mesmo criei, fui escravo de um sentimento que se tornou senhor de minha vida, pois sem perceber eu abri as portas para a paixão entrar, e depois, quando ela quis partir, me agarrei com todas as minhas forças a uma fresta de esperança, mas a perda era iminente, pouco depois eu já estava sozinho, sozinho como aquele pássaro que se perdeu ao longe, sempre voando cada vez mais longe, como se estivesse fugindo de si mesmo.
Olho demoradamente a imensidão azul do mar, ressuscito dentro de mim todos os sentimentos que procurei enterrar com o tempo, trago de volta todas as palavras que não disse e por isso ficaram esquecidas em meu peito, e agora são as principais testemunhas que denunciam o meu maior erro: calar, quando deveria amar.
Vou buscar do passado a lembrança de um rosto, a mágoa de suas lágrimas que me tornaram réu confesso do maior dos crimes, que por medo do destino me fez dizer adeus naquele dia.
Procuro não pensar em tudo isso, mas não pensar e meu passado seria apagar de minha vida o meu melhor sorriso, por isso sigo com minhas lembranças, quem sabe aquele pássaro que se perdeu ao longe volte um dia , sigo com minha saudade, e ao invés de esquecer você , prefiro esquecer de mim.
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