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Contos-->O que o televisionismo fez = Coitado do Zé Maria !... -- 17/05/2005 - 00:11 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Não faço ideia se o Brasil genérico conhece pouco ou muito o Zé Maria, em princípio um escorreito jovem natural de Barrancos, ainda com o juízo todo no sítio, quando se decidiu a participar no primeiro "Big Brother" à portuguesa, o qual venceu, arrecadando na altura uma maleta 007 cheia de dinheiro, um lauto automóvel e, sobretudo, logrando uma excelente situação mediática, que então lhe prenunciava um excelente e feliz futuro.

Ora, após falhados amores e negócios, o popular e acarinhado Zé voltou a surpreender o país e o mundo, desta feita com a revelação de que se julga reencarnado em Jesus Cristo na sua segunda vinda à Terra.

O anúncio foi feito pelo próprio em conferência de imprensa, onde se apresentou envergando túnica branca, sandálias e de barba crescida. Em cada uma das mãos trazia um pequeno gato - segundo testemunhos, os mesmos que levava na mão quando se passeou nu pelo Cais do Sodré e se dizia munido de duas bombas - gatos que declarou, pasme-se, como sendo os apóstolos Tiago e Mateus, também eles reencarnados, mas sob forma de felinos.

“De repente, tudo começou a fazer sentido”, confessou o regressado Messias, recordando que o primeiro indício da sua nova e verdadeira identidade lhe surgiu quando se encontrava na ponte 25 de Abril, preparado para se lançar ao Tejo. Mais tarde, uma voz interior disse-lhe que deveria despir-se e sair à rua de corpo todo ao léu, levando os dois gatos consigo, numa atitude que muitos interpretaram como loucura provocada pelo fim repentino do sucesso mediático que o barranquenho Zé angariara facilmente desde que ganhou o concurso “Big Brother”.

“Estava sentado a olhar para o Tejo - referiu - quando passou um rebocador à minha frente. Segui-o com o olhar e dei de caras com a estátua do Cristo-Rei. Percebi logo que aquilo só podia ser um sinal e então reparei no nome do rebocador: chamava-se Espírito Santo”.

Um jornalista que contactou António Lobo Antunes, o psiquiatra que tem acompanhado o desventurado, procurou saber se isto é apenas mais um delírio ou se Zé Maria está mesmo convicto de ser o filho de Deus. “Não sei...”, confessou sorrindo o consagrado romancista. Em relação às possíveis repercussões do comportamento messiânico sob a condição psicológica de quem pode ainda estar fragilizado pelos acontecimentos recentes, o médico-escritor considera que “pode ser que sim, mas também pode ser que não”.

Para a Igreja Católica, é pouco provável que Zé Maria seja Jesus Cristo renascido, mas um responsável clerical escusou-se a anular essa hipótese de forma definitiva. Ao que se apurou, tal deve-se a uma corrente de opinião dentro da instituição que considera que a vinda do Messias poderá revitalizar o culto e recuperar os fiéis que ultimamente se têm afastado da religião, o que poderá provocar a necessária abertura ao aproveitamento dos benefícios que o reconhecimento da divindade no Zé porventura traria.

Entretanto, alheio a tudo isto, Zé Maria deu já início à sua carreira como Messias, pregando por Lisboa e arredores a “Boa Nova”. Um momento sem dúvida marcante, foi o chamado “Sermão da Buraca” em que "Zé Jesus Maria" usou pela primeira vez a agora famosa parábola “Olhai os pretos na obra”.

Claro, que a TVI e a SIC estão na corrida para a transmissão em directo dos primeiros milagres que naturalmente em breve ocorrerão, bem como a inevitável crucificação, logo que o Zé pretenda candidadatar-se a presidente da República. Em suma, bem se enganam aqueles que presumem que a mesma água não passa duas vezes sob a mesma ponte...

António Torre da Guia
O Lusineiro
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