Vou rasgar as minhas amarras porque elas
são páginas!
Não vou desamarrar nada!
Não existem nós que me prendem!
Existem dores contidas nos versos transcritos e
em tantas letras reunidas que desfazem do meu amor!
Vou queimar um número imenso de sensíveis fatos sem
causar fumaça...
não posso aquecer o ambiente e tampouco poluí-lo!...
Mas preciso incinerar e
você será o resultado disso!
Amarrarei as partículas dos seus suspiros para
enfeitar as minhas noites sombrias e
para sonorizar o meu cântico de sofrido ato,
mas me permitirei esquecer dessa forma um tanto
ilegítima,
um tanto excêntrica embora eu já tenha,
por dedicação à sua lembrança,
me perdido neste decurso ilocável!
Vou rasgar de maneira que as partículas
dessa história não se reconstituam nem em pensamento...
E depois de juntar tantas exclamações sobre nossos encontros
que se configuraram no mais abrupto desencontro,
tentarei escrever com as estrelas um outro sentido
que me possa causar o riso,
que me faça crer que é possível ser feliz sem ter que rasgar
tantas páginas de uma vida!
©Balsa Melo
17.06.06
Cabedelo - PB
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