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Contos-->Amor Impossível -- 19/05/2005 - 12:58 (PEDRO DANIEL DOS SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos











AMOR IMPOSSÍVEL...




Pedro Daniel



Maio/04




O Presente...


O filme terminara já tinha dez minutos, as pessoas saiam rapidamente do cinema, apenas Telma não conseguia se levantar da poltrona, seu pensamento estava longe, seus olhos perdidos num ponto qualquer, apenas suas mãos se agarravam no braço da poltrona, como a que pedindo para não serem esquecida pelo resto do corpo.
As pessoas foram entrando para a próxima sessão, então ela despertou de seus pensamentos, respirou fundo e levantou-se, foi saindo por entre as pessoas em direção a porta. Quando conseguiu sair do cinema, ficou vagando pelo shopping, as pessoas pareciam distantes, o som era ouvido longe. Aquele filme mexera com ela, fez com que sua vida passasse pela sua mente, e revia as coisas que havia feito...feito? Não, não, ela não fez, simplesmente deixou de fazer, mas agora é tarde, ela se lembrava da frase que ele havia lhe dito: “Quando a felicidade bate a nossa porta, e não abrirmos, deixamos ela passar, e não adianta abrir mais tarde, pois ela não vai estar te esperando...”. E ela não abriu, deixou escapar por entre os dedos, o amor de sua vida.
Se ela tivesse tido coragem, tivesse enfrentado as pessoas que se opunham, talvez a história fosse diferente, mas naquela época, ela se sentia oprimida, apesar de seus vinte anos, seu pai ainda lhe dava ordens e era uma pessoa difícil de se tratar, pois quando ele falava, ninguém contestava. Sua mãe é que contornava a situação, ponderava sempre, e dizia que seu pai era uma pessoa boa, apenas um pouco nervoso.








O passado distante...


Ela teve uma infância difícil, desde cedo era obediente, e não contestava seus pais, o que eles lhe dizia, ela fazia, pois sabiam o que era melhor para ela e o conceito que tinha junto a eles era de uma boa menina, ia a escola e voltava para casa, não ficava na rua conversando com os meninos como fazia suas amigas, não ia as festas, era uma moça caseira.
Desde a infância conhecia Edson, seu primo e vizinho, ele ia sempre em sua casa, seus pais gostavam dele. E como acontece em muitos casos, os dois acabaram namorando. Ele era um bom rapaz, gostava dela. Fora o primeiro namoro de ambos.
Quando aos quatorze anos ela arranjou um emprego, ele não gostou, e tanto fez que acabou indo trabalhar no mesmo lugar, só para ficar perto dela, ele tinha ciúmes dela, pois seu corpo de mulher começava a aparecer, e alguns rapazes a notava.
Ela se sentia sufocada por ele, mas quando tentou terminar o namoro, o rapaz foi falar com os pais dela, e mais uma vez ela obedeceu a seus pais, continuou a namorar Edson. Isto se repetiu outras vezes, ele gostava dela, mas só que ele não perguntou se ela gostava dele, e aquela história foi se arrastando pelos anos...
Aos dezenove anos estava noiva, e ela não tinha vontade de se casar, mas ele insistia. O casamento foi marcado para o próximo ano, seu pai estava contente...
Foi então que aconteceu algo que jamais iria esquecer na vida...

Ela ia todos os dias naquele banco, conhecia as pessoas que trabalhavam ali, pois sempre ia fazer depósito da loja. Mas aquele dia foi diferente, ao entrar no banco foi falar com a gerência sobre um problema na conta, o gerente que a atendeu pediu-lhe para falar com o rapaz que cuidava da conta, e ao se dirigir ao balcão foi atendida por um rapaz de estatura média, cabelos e olhos castanhos, um sorriso jovial nos lábios. Ele a atendeu e foi muito atencioso, se prontificou a resolver o problema e disse que assim que houvesse uma solução ligava para falar-lhe o que havia acontecido.
Ao ligar para ela no final da tarde, ela ficou sabendo que seu nome era Flávio, e combinaram que no dia seguinte ela iria pegar os documentos, então ele lhe explicaria o que havia ocorrido.
No dia seguinte ao chegar no banco, logo foi atendida por Flávio, o problema fora resolvido e a partir daquele dia em diante ficaram amigos, tudo que se referia a conta da loja, ela deixava com ele. Todos os dias ela esperava ansiosa a hora de ir ao banco, conversavam sobre vários assuntos e cada vez mais iam se conhecendo.
Flávio era um rapaz de família humilde, morava perto do trabalho, estava prestando vestibular, gostava de música romântica, era muito atencioso com ela e muito simpático.
Quando ele ligava para ela, ficavam conversando e até se esqueciam do tempo, falavam sobre vários assuntos e cada vez mais ficavam amigos, pela primeira vez ela se soltava com alguém, falava com ele sem medo, perguntava-lhe coisa que jamais teve coragem de perguntar para Edson, e pelo pouco tempo que se conheciam, parecia que fazia anos.
Quando ela estava conversando com ele, ela jamais falava do noivo, mesmo que não escondesse dele que era noiva, ele não fazia parte das suas conversas.
Um dia ele a convidou para tomar um lanche com ele, e ela sem pestanejar aceitou o convite, seria legal conversar com ele longe do ambiente de trabalho, pois apesar de terem uma grande amizade, nunca haviam se encontrado fora dali. E lá foi o dois lanchar.
Conversaram animadamente sobre suas vidas, sobre o trabalho, sobre a família. E então notaram que alguma coisa mexera com eles, mas calaram-se.
Depois daquele dia a necessidade de se falarem aumentou, e parecia que o tempo que conversavam era pouco demais. E a cada dia as coisas iam ficando piores (ou melhor??).
Ela percebeu que já não adiantava esconder de si mesmo os seus sentimentos, mesmo que relutasse em não admitir, estava perdidamente apaixonada por aquele rapaz, e mesmo que isso lhe metesse medo as vezes, se sentia radiante, o coração parecia que iria explodir de tanto sentimento. Mas não era certo, pois estava noiva de outro, e tentava sufocar os seus sentimentos.
Quando estava no silêncio do seu quarto, a tristeza e o choro, tomavam conta do seu ser. Era como se tudo fosse um pesadelo que não tinha fim e ela não via uma saída para o seu tormento, a não ser alimentar aquela paixão que lhe corroia dia a dia.
Flávio era um rapaz simpático, tratava a todos com simpatia e cordialidade, sempre tinha uma palavra amiga para consolar os amigos. Sua vida era como de todos os rapazes daquela época, estudava a noite e trabalhava de dia para ajudar no sustento da família. Apesar da pouca idade era um rapaz responsável, sempre dedicado a sua mãe, que para ele era tudo em sua vida, e seus irmãos, apesar de mais velhos o via com respeito e admiração, seu pai os havia abandonado já fazia algum tempo.
Sua vida era dedicada aos estudos, e disso fazia sua meta. Pois via nisso a sua chance de sucesso e se apegava com afinco aos livros.
Não era um “guapo”, mas a sua simpatia e amizade o fazia mais belo do que só a beleza física podia lhe proporcionar. Era um rapaz que toda mãe gostaria de ter como genro, daí o seu sucesso com as garotas, era envolvente e atencioso e quando elas se viam já estavam apaixonadas pelo sorriso e jeitinho amigo de Flávio.
Sua origem era humilde, e isso o fazia orgulhar-se de seu desempenho no meio daqueles que se dizia mais afortunados do que ele. Pois sempre na escola seu desempenho era igual aos que tinha tido uma educação mais aprimorada na vida, e suas amizades eram sempre de pessoas que tinha um pensamento igual ao seu. Não que ele desprezava a amizade de outras pessoas, mas é que a maioria deles se dedicavam a ações que ele não aprovava, e isso o fazia às vezes se afastar para que não se deixasse levar pelos outros. Sua mãe lhe dia uma frase e ele levava a sério: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Mas isso não impedia de se relacionar com as outras pessoas, apenas não seguia seus passos, para não se complicar mais tarde. E isso lhe poupou alguns aborrecimentos, pois alguns achavam que a culpa dos seus infortúnios era de outros que tinha uma situação financeira melhor, e partiram para o mundo do crime, e ele viu alguns perecerem no meio do caminho.
E assim quando teve a chance de disputar uma vaga no banco, se dedicou muito e não foi tão difícil, e iniciou com alegria o trabalho na agencia como contínuo, sendo logo promovido para o setor de contas correntes.
Desempenhava seu trabalho com dedicação e simpatia, e não foi difícil conquistar a confiança dos seus clientes e colegas de trabalho. E foi assim que naquela tarde conheceu aquela jovem de corpo esguio, sorriso de menina. E o que mais lhe chamou atenção foi seus olhos tristes, apesar do sorriso que insistia em permanecer nos lábios.
Telma era uma garota que chamava a atenção pelo seu corpo de mulher, mas ao mesmo tempo tinha aquele jeitinho de menina meiga, carente, que todo homem gostaria de lhe dar proteção para que nada de mal lhe acontecesse. E isso o deixou fascinado, fazendo com que seu interesse por ela aumentasse cada dia. No decorrer do tempo, aquela amizade foi sendo algo mais do que profissional o que lhe deixava mais dedicado a ela.
Quando surgiu uma oportunidade para convidá-la para sair e tomar um lanche, não esperou e aproveitou a brecha. Ficou sabendo tudo sobre ela (ou pelo menos quase tudo), e aquela conversa os aproximou ainda mais. E como não poderia deixar de ser, esperava que houvesse outros encontros.
Quando ia chegando o horário em que Telma ia costumeiramente ao banco, seus olhos já ficavam grudados na porta, e quando ela aparecia, a seguia por toda a agencia e as vezes se deixava levar pelo impulso e dava uma pequena piscadela, o que a deixava completamente enrubescida.
Quando ela não aparecia no banco por algum motivo, ficava impaciente e logo telefonava para ela e descobria que tinha ido a outro lugar resolver algum problema, isso o deixava irritado, e o dia já não era dos melhores.
Apesar de saber da sua situação, ele tinha vontade de lhe dizer o que sentia e acabar de vez com aquele sofrimento, que as vezes o corroia por dentro. E sua esperança era que ela correspondesse aos seus sentimentos e abandonasse de vez o noivo.




Telma já não suportava mais a situação e então contou o segredo a sua mãe, que ficou um tanto quanto desconcertada, e na sabia o que dizer a filha. Se a aconselhava a deixar o noivo e ir de encontro aquele rapaz que mal conhecia, mas que nutria por ele um grande sentimento, ou se lhe dizia que o seu noivo era o melhor caminho, pois seu pai que era um tanto quanto autoritário com certeza não aprovaria outra situação para a sua filha. E sua mãe pediu para que ela esquecesse o tal rapaz, pois traria uma verdadeira desavença entre a família, que esperavam que seu casamento com seu noivo acontecesse o mais rápido possível.
E ela percebeu que não teria o apoio de sua família para uma decisão mais radical, o que a deixou mais desesperada ainda, pensando que teria que abandonar o seu amor e mergulhar de vez num casamento “arranjado” pela vontade de outros.

Quando encontrou com Flávio alguns dias depois, aquele sorriso branco e alegre lhe trouxe de novo a esperança e a coragem para enfrentar todos de peito aberto.
Naquele dia Flávio estava decidido a se declarar, encheu-se de coragem e quando teve a chance de lhe falar a sós disse-lhe que gostaria de encontrá-la mais tarde. Telma ficou surpresa com o convite, mas o coração mais atrevido que a razão, e marcaram num lugar um pouco distante dali, onde ambos poderiam conversar a vontade. Despediram-se e ficaram ansiosos para que o tempo passasse rapidamente.

Flávio chegou primeiro e ficou esperando por Telma. A tarde estava gostosa naquele dia, o sol estava fraco e a brisa soprava-lhe o rosto fazendo com que seus cabelos fossem levados por ela. Os cinco minutos que se passaram naquele dia pareciam que estavam em câmera lenta, e cada pessoa que subia as escadas daquela praça que se achava um pouco mais alta que a rua, seu coração gelava. Quando finalmente ela apareceu, ele ficou radiante e parecia não acreditar que aquela silhueta vindo ao se encontro e fazia seu coração disparar como a um corcel negro na relva verdejante, e seu andar era algo que lhe deixava estonteante, pois a graça com andava fazia seu corpo quase que flutuar próximo ao chão, e a calça jeans lhe gruda ao corpo, a sua “bata” branca levada pela brisa, moldava-lhe os seios e a deixava ainda mais tentadora.

Telma se atrasara porque apesar de querer ir ao seu encontro, achava que não deveria, pois era noiva e se alguém a visse junto com outro rapaz poderia contar ao seu noivo. E ficou se martirizando entre o que era certo e o que queria realmente fazer. O certo e o errado lhe cobrava a cada instante, e a sua consciência era algo difícil de contestar, mas o coração pulsava forte só de pensar que ele estaria lá esperando por ela. E foi assim que sem saber se estava certa ou errada, que ao se dar conta, seus pés já se encontrava subindo aos degraus ao encontro daquele que fazia seu corpo vibrar só de chegar perto dele.

Aquele encontro foi algo de maravilhoso, ele sempre tentando avançar o sinal, pois no auge da idade, os hormônios estavam a flor da pele. Ela apesar de se controlar um pouco mais, sentia a vibração de seu corpo cada vez que aquela boca encontrava a sua, e aquelas mãos acariciavam-lhe os cabelos e, as vezes, quase que por um descuido roçava-lhe os seios deixando-a com as pernas bambas.
Já não precisavam falar mais nada um ao outros dos seus sentimentos, pois os carinhos e a felicidade daquele momento dizia por si só. O mundo e os problemas pareciam não existir naquele momento eterno entre os dois. Mas como tudo que é bom acaba, a hora já havia se adiantado e ela teria que ir para casa. Trocaram beijos de adeus, e prometeram se encontrar de novo, assim que possível.
Aquele lugar ficou como sagrado para ambos, pois outros encontros se sucederam ali e a cada vez que acontecia ficava mais certo que pertenciam um ao outro, e que juntos poderiam enfrentar o mundo.
Mas é certo que não somos o autor do livro da vida, e como sempre a página seguinte foi escrita por alguém que nem sempre faz nossa vontade, e naquele caso, parecia que não seria diferente.
Algum tempo depois, ele percebeu que ela o estava evitando, fugia sempre que o via vindo em sua direção, e como ele só a via no banco, não podia lhe perguntar o que estava havendo.
O ser humano às vezes não tem domínio sobre si mesmo, pois no ímpeto da paixão faz coisas que em sã consciência não faria. E Flávio não se conteve e foi atrás da sua amada, esperou que ela fosse embora e a seguiu com uma certa distância. Quando estava já distante do banco, apertou o passo e a alcançou e tocou-lhe no ombro:
- porque você está fazendo isto comigo. Perguntou-lhe já sem esperar que ela se virasse, e quando ela se virou ele percebeu que aqueles olhinhos apertados estavam cheios de lagrimas.
- Por favor, me deixe ir! Ela lhe suplicou com a voz embargada.
Ele lhe soltou o braço e ela se virou e continuou andando, Flávio ficou paralisado, pois não esperava esta reação daquela que lhe fez acreditar num sentimento tão grande. Ao se distanciar ela virou-se como que num desses filmes e olhou-o nos olhos e disse:
- Meu amor por você não mudou, apenas eu acho que nos encontramos na hora errada...
E com os passos trôpegos seguiu em frente. Daquele dia em diante ele não teve mais sossego, queria entender o que aconteceu. Por várias vezes tentou telefonar, mas quando ela ouvia a voz dele desligava em seguida.
Os fins de semana era um tormento, pois não tinha notícias dela e também não poderia lhe procurar em casa para conversar. Foi aí que nos dias seguintes ela não apareceu no banco e ele ficou impaciente, procurou uma amiga dela e como quem não quer nada procurou saber notícias. A amiga então lhe disse que ela havia sido hospitalizada. Tinha tomado bebida alcoólica junto com alguns tranqüilizantes e passou mal no final de semana.
O mundo caiu –lhe nas costas, pois poderia tê-la perdido para sempre e nem estaria sabendo. Imaginou o sofrimento que ela poderia estar passando e não poderia nem sequer estar ao seu lado. Pediu para a amiga procurar saber como ela estava e contar-lhe, mas que não poderia ir a sua casa, pois seu noivo era muito ciumento, e não gostaria de deixá-la em maus lençóis. E a amiga estranhou aquela preocupação, mas fez-lhe a vontade, deixou-o ali esperando e foi até a casa de Telma, que morava na outra rua. Ao retornar disse-lhe que ela estava bem e repousava, deu-lhe um bilhete que ela havia enviado a ele. O bilhete dizia:
-“Meu sentimento por você é muito grande, mas infelizmente a minha covardia é ainda maior, por isso não posso ir contra minha família, que não aprovaria esse relacionamento entre nós, sei que tentei fazer uma besteira para tentar acabar de vez com essa situação. Estou arrependida da e resolvi que de agora em diante vou te esquecer e seguir minha vida. Não me procure mais”.
A amiga olhou para seu rosto e percebeu tudo, pois estava escrito na sua expressão aquele sentimento contido, juntamente com a decepção. E uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos, tentou falar, mas se conteve, porque se falasse não iria conter as lágrimas. Carla passou a mão nos ombros e em seguida entrelaçou seus braços no dele e sem dizer absolutamente nada saíram caminhando pela rua. Andara quase meio quarteirão sem nada dizer, quando sem querer ele deixou escapar dos lábios uma frase dita ao vazio:
- Se ela soubesse o quanto eu a amo...
Naquele momento a amiga apertou-lhe o braço como quem quer lhe amparar e disse-lhe:
- Não fica assim Flávio, você é um cara legal, e afinal ela não pode largar tudo e ficar com você é muito complicado entendeu???
Entender? Ele não entendia era nada, e nem queria entender e educadamente disse a Carla que iria embora da vida dela para sempre, e saiu andando como que perdido em pensamentos.
Daquele dia em diante raramente se viam, pois que estava cuidando das coisas no banco no lugar dela era Carla, que trabalha junto com ela, mas Flavio não perguntava dela para a amiga. Fingia que nada tinha acontecido.
O tempo passou e aquele sentimento estava ali no peito escondido, como que a um gigante adormecido.
Quando um dia estava distraído trabalhando, ele levantou a cabeça e deu de encontro com aqueles olhinhos miúdos que ele conhecia muito bem, fora como se uma mola tivesse sido apertada, ele se levantou e foi em sua direção, e naquele instante parecia que só havia os dois, pois o resto havia desaparecido, ou estavam distante. Parou a uma certa distância e ficou olhando-a, e ela também não conseguia sair do lugar. Ficaram assim sabe-se quanto tempo, mas parecia uma eternidade. Quando alguém a chamou e ela despertou e seguiu em direção da porta deixando para trás.
Aquilo bastou, vê-la foi como trazer tudo de volta, e ele não se conteve e mais tarde ligou para ela, e quando ela atendeu, pediu-lhe que não desligasse, pois precisava muito falar com ela, e marcaram um encontro naquele lugar sagrado.
Aquele relógio havia parado, as horas não passavam. A ansiedade tomava conta dele, e quando finalmente chegou a hora saiu rapidamente do bando.
Chegou lá e ela ainda na havia chegado, ficou esperando, e depois de um determinado tempo, achou que ela não iria encontrá-lo, foi quando percebeu seus cabelos longos esvoaçando ao vento vindo ao seu encontro. Parecia que o tempo havia parado, ele apreciava aquele momento. Ao chegar perto um do outro e naquele lugar, não deu para se conterem e se abraçaram e se beijaram ardentemente. Passado algum tempo a saudades já tinha diminuído e ambos conversaram. Ela então lhe disse que apesar do sentimento que nutria por ele, não poderia tê-lo, pois já tinha um compromisso e não tinha como fugir dele. Ele perguntou-lhe sobre o incidente e ela contou-lhe:
Ela esta numa profunda depressão, pois a ansiedade e a impossibilidade de vê-lo estava deixando-a maluca, e ela estava tomado alguns remédios antidepressivos. E naquele final de semana estava sofrendo uma pressão por parte de sua família, pois seu noivo havia conversado com seu pai sobre seu comportamento estranho, e eles queriam saber o que estava acontecendo com ela. A sua mãe sabia das coisas que estava lhe acontecendo, mas disse-lhe que não podia fazer nada com medo da atitude de seu pai. O noivo disse-lhe que se tivesse um outro alguém iria acabar com a vida dessa pessoa, pois se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém. E ela não suportou esta pressão e resolveu dar um fim na sua vida, tomou álcool juntamente com os remédios, e então lhe levaram para o médico e ela tinha ficado em observação alguns dias, e não tinha como avisá-lo do ocorrido. E após esse dia seu pai resolveu adiantar seu casamento e ela percebeu que não tinha mais domínio sobre sua vida. Eles haviam passado por cima de seus sentimentos e ela não tinha forças para reagir.
Flávio ficou indignado com essa situação, ele não aceitava seu casamento, e disse-lhe que não seria feliz com um homem que não ama, e seria uma idiotice da parte dela tal fato, propôs-lhe fugirem para algum lugar onde não os conhecem, mas ela achou a idéia estapafúrdia. Ficaram calados por um longo tempo, quando ele resolveu falar;
-Eu não posso fazer nada quanto a sua decisão, mas quero que você saiba que eu tentei fazer você desistir desta idéia, mas se você tem pena dos outros e ninguém tem de você, e em mim você não pensa não é mesmo? Então façamos o seguinte, você vive sua vida e eu vivo a minha, mas preste atenção no que vou lhe dizer, “Quando a felicidade bate a nossa porta, e não a abrirmos, deixamos ela passar, e não adianta abrir mais tarde, pois ela não vai estar te esperando...” e saiba que isto tudo é uma panela de pressão e um dia vai estourar, e as pessoas que estivem perto de você podem se machucar, e eu não vou estar ao seu lado para te ajudar.
Dizendo isso ele saiu e foi embora deixando-a sozinha, naquele lugar que tantos bons momentos viveram.
Quando algum tempo depois ficou sabendo da data de seu casamento, ele pensou em ir até lá para tentar convencê-la ao contrário, mas desistiu, pois sabia que ela não mudaria. E então ela se casou com outro.
O tempo passou, ele conheceu outras garotas, foi trabalhar em outro local e nunca mais a viu.
Um dia ele estava com sua namorada numa lanchonete conversando, quando ao se virar viu aqueles olhinhos pequenos, estremeceu, mas não saiu do seu lugar, já era tarde demais. E ela também percebeu que o tinha perdido para sempre, então só restava-lhe seguir em frente.
Alguns dias depois ele resolveu ligar para ela, quando ela atendeu, ele lhe perguntou como estava e o que tinha feito desde que se falaram pela última vez, ela lhe respondeu, mas era como se fossem dois estranhos, e perceberam que tinham perdido a chance de serem felizes, pois estavam cada um vivendo sua vida, e quando se despediram ela lhe fez um pedido:
- Me prometa que onde você for, sempre irá entrar em contato comigo para me dizer onde e como você está, você me promete???
- Sim, prometo que sempre estarei em contato com você.
Ao desligar o telefone ficou olhando para o aparelho um longo tempo, como que querendo voltar ao passado, mas já era tarde demais.
Os anos se passaram, ele se casou, constituí família, mas de vez em quando, falava com ela, só para saber como estava. Às vezes tocavam no assunto do passado, mas apenas como uma lembrança distante.
Ambos sabiam que no fundo aquele sentimento estava adormecido, as vezes esquecido, e sabiam que mesmo distantes um do outro, com vidas diferentes, de vez em quando pensavam naqueles momentos que viveram juntos e lembravam de um amor que passou, mas não acabou definitivamente, mas que se tornou um amor impossível...


O futuro...

E ao sair daquele shopping ficou pensando naquele filme, “As pontes de Madson” que a fizera lembrar do seu passado, e de quando ela havia fechado a porta da felicidade, e ela sabia que não haveria uma segunda chance, mas o que passou não volta mais, e ao sair na porta do cinema, observou atentamente aquela dura realidade, respirou fundo, de repente parou olhou para o céu e observou a lua, e seu pensamento foi longe e perguntou-se:
- Onde será que ele está agora, e será que ainda pensa em mim????
A pergunta ficou pairando no ar sem resposta, então apertou o casaco contra o corpo para proteger-se do frio e seguiu em direção a sua casa...
Sabia que o futuro a esperava e era algo incerto...


FIM
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