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Artigos-->CONSTRUIR PODE SER UMA ARTE -- 11/09/2002 - 20:40 (Sylvia R. Pellegrino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estive lendo recentemente matéria sobre os projetos dos candidatos à Presidência da República. Eles prometem, em seus discursos de campanha, a construção de casas populares e aumento de empregos. Segundo o programa de governo de alguns candidatos, os beneficiados deverão pagar valores irrisórios dos seus salários pelas suas casas e que o custo do projeto de construção de casas populares montará um número bastante elevado em reais. Fiquei imaginando de onde poderiam advir tais recursos para a consecução do projeto.

Bastante interessada sobre o assunto resolvi investigar sobre construção civil e me deparei com matéria sobre o assunto na Gazeta do Povo on line. Na notícia consta que pesquisadores e estudiosos dizem que o bambu é um material versátil e ainda pouco explorado na construção civil nacional. Estudos demonstram que existem cerca de 1.200 maneiras diferentes de se usar o bambu como matéria-prima, sendo 12 delas na construção civil. Asseveram que o potencial dessa gramínea no canteiro de obras, explorado há cerca de 5 mil anos em diversos países, ainda é pouco conhecido no Brasil.

"A principal função do bambu na construção civil está em substituir o aço na parte estrutural da edificação. Essa matéria-prima, devidamente tratada, oferece uma resistência e durabilidade igual ao aço, podendo ser usada nas vigas, pilares e até laje de uma obra", afirma o engenheiro civil Khosrow Ghavami, Ph.D. em Meio Ambiente (Universidade de Nottingham, Inglaterra) e professor do Departamento de Engenharia Civil da PUC/Rio. Ghavami pesquisa o potencial do bambu desde 1979 e é convidado para conferência em diversos países da Europa e Estados Unidos. Segundo ele, até hoje o bambu já foi testado em estruturas de edificações com até quatro metros de altura.

O professor explica que, considerando trabalho e produção, o custo final da planta como elemento estrutural chega a ser 50 vezes menor que o do aço.

Além do aproveitamento do produto na construção civil, o restante da planta poderá ser usado em subprodutos, conforme os ensinamentos do professor Ghavami.

Segundo o professor as obras mais antigas de bambu que se tem conhecimento datam de cerca de 5000 anos atrás. Índios de diversos países já exploravam o potencial construtivo da planta. Existem, inclusive, obras famosas no mundo todo, como o Taj Mahal, na Índia, que foram construídas com a estrutura toda em bambu. "Em alguns países asiáticos, como a China e Japão, por exemplo, o bambu já é explorado na construção de pontes há mais de 3000 anos. E o seu uso continua até hoje nas mais diversas partes da construção civil", afirma.

Ora, se o Brasil puder usar o bambu em lugar do aço para construção de casas populares e prédios, dentro das especificações estruturais adequadas aos estudos desses pesquisadores, indubitavelmente a economia será brutal e provavelmente as promessas dos presidenciáveis poderão tornar-se viáveis e factíveis.

Em países como o Brasil o que conta é a criatividade e essa iniciativa deve partir sempre do presidente da nação que deverá, com visão macro do país, garantir a implantação de programas de estudos sobre a viabilidade e ajustes necessários para a consecução legal de novas modalidades e idéias que venham beneficiar o povo de seu país.

O artigo reporta-se ainda ao ocorrido em países menos favorecidos da América do Sul, como Equador, Colômbia e Costa Rica. Lá o bambu já é usado na construção de casas populares. Portanto é necessário neste momento em que se pretende trazer novos planos para a economia do país, como a implementação de empregos e, em especial, construção de moradia para o brasileiro, nada mais inteligente do que se pesquisar melhor o assunto.

Se essa iniciativa já foi possível em países vizinhos e com sucesso comprovado, falta apenas boa vontade e direcionamento para a implantação de um programa dessa natureza no território nacional.

Reclama na matéria o professor Ghavami que já existem normas internacionais regulamentando o uso do bambu para essa finalidade, porém, no Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ainda não demonstrou interesse em criar normas nacionais. "A ABNT já foi procurada e convidada diversas vezes para avaliar o potencial construtivo do bambu. Porém até hoje ninguém se manifestou", alega.

As principais vantagens de se usar o bambu na construção civil estão no fato de ser uma planta em abundância no Brasil e um produto facilmente renovável na natureza. Depois de cortado, ele não leva mais do que seis meses para crescer novamente. "O Brasil possui, no estado do Acre, a maior reserva mundial desta matéria-prima. Porém falta incentivo para a exploração racional desse material", reclama o professor Khosrow Ghavami, que esteve em Curitiba no início de agosto para ministrar palestra para alunos e professores do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-PR).

Como se pode depreender uma das grandes dificuldades deste país é retirar a miopia de alguns e fazer valer o direito de muitos.

Não bastasse o exposto, um estudo do Dieese, ainda deste mês, revela que dois terços dos trabalhadores da construção civil não têm carteira assinada ou trabalham por conta própria. O setor reúne 4,7 milhões de pessoas e é um dos mais importantes da economia nacional, respondendo em 1999 (último dado) por 6,6% da força de trabalho do país e na geração do Produto Interno Bruto (10%). De acordo com o levantamento, 30% dos assalariados (1,4 milhão de pessoas) não têm carteira assinada. Outros 41%, num total de 1,9 milhão de pessoas, trabalham por conta própria na construção civil.

Trabalhar sem carteira assinada é um problema antigo no Brasil, especialmente neste setor. A lembrar ainda que quem não tem carteira assinada não tem emprego legal e não pode exigir direitos. Trabalhar por conta própria também não traz grandes benefícios ao brasileiro, posto que os rendimentos normalmente são mais baixos.

Existe um trabalho incessante dos sindicatos para minimizar esse problema. Na capital paulista onde a atuação de sindicatos é mais forte, os índices são mais baixos, no entanto nas demais cidades do país onde o alcance sindical é menor os índices do desrespeito são muito grandes. O brasileiro trabalhador se predispõe a isso para manter seu emprego e alimentar sua família, apesar da miserabilidade salarial.

Os dois terços que atuam por conta própria ou em empregos sem carteira assinada são trabalhadores que não têm garantidos direitos como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, férias, 13º salário ou seguro desemprego e que, na sua maior parte, também não contribuem para a Previdência Social. O percentual dos ocupados do setor que não pagam a previdência varia de 54,0%, em Porto Alegre, a 64,4%, em São Paulo. Isso significa que eles não terão aposentadoria na velhice.

A se adotar uma idéia antiga como a demonstrada pelo professor Khosrow Ghavami esses efeitos também seriam minimizados.

Desta forma voltamos à criatividade. Países de Terceiro Mundo, ou emergentes, como querem alcunhar o Brasil, necessitam urgentemente uma revisão de suas tecnologias, porque a economia de um setor cria vínculos que atingem vários outros segmentos, tomando um efeito cascata.

Garantir um potencial de crescimento econômico para o país passa sem sombras de dúvidas pela criatividade e desburocratização de setores arcaicos e endurecidos dentro de suas filosofias.

Esperemos, pois, que os programas de governo do próximo presidente da nação brasileira tenham inserido tais assuntos em sua filosofia.

Que ao se efetivarem esses planos necessitem menos modificar leis hierarquicamentente superiores, como é o caso de nossa Constituição Federal, já tão combalida e descaracterizada pelas inúmeras emendas constitucionais, e passem a modificar normas menores e desburocratizar poderes pequenos que no mais das vezes são os responsáveis pelo atravancamento de melhorias e progresso, impedindo a efetivação de idéias novas ou de idéias já antigas com roupagens novas, como as que foram levantadas neste artigo, mas que trarão, com certeza, inúmeros benefícios ao povo brasileiro já tão cansado dessas burocracias estagnadas.
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