"Dois Rios"... Duas horas e meia de caminhada, desde a Vila do Abraão, na Ilha Grande, litoral sul do RJ.
Te amando, te busco e, na busca imensa,
Escolho, a esmo, na ilha, uma trilha,
Que é longa e sofrida, mas nela avanço,
Porque o que busco a tudo compensa,
Não importa onde esteja, em qual canto da ilha...
Na busca eu prossigo, com fé, sem descanso.
E vou decidido, com passos medidos,
De olhos atentos na tosca estrada,
E, enquanto caminho, vou descortinando
Cenários tão belos, quão desconhecidos.;
Mas eu que não vejo beleza em nada,
Nas curvas da estrada insisto, buscando.
Os pássaros cantam em todo o caminho,
A tudo envolvendo em tal sinfonia,
Que é um brinde sonoro da mãe Natureza...
Mas isso só aumenta o meu eu tão sozinho,
Por isso, insisto na louca mania,
Buscando por ti em meio à incerteza.
Agora, o que escuto são águas rolando
Do alto da serra, formando um riacho.;
E a água que bate nas pedras polidas
São lágrimas vindas da mata, chorando,
Com pena de mim, que busco e não acho...
São lágrimas vãs nas águas perdidas.
Enfim, eis que chego ao fim desta trilha:
Termina em DOIS RIOS, um belo recanto,
De onde dois rios deságuam no mar.;
Entre eles, a praia, maior maravilha!
É tudo um cenário de puro encanto!
Na busca decido não mais teimar...
Porque vi teu corpo nas curvas da estrada.;
No canto das aves, ouvi tua voz.;
No choro das águas, vi tua amargura,
Chorando por ver-se, de mim, afastada.;
E, desde a nascente do rio à foz,
Senti tua presença... Pra que mais procura?
Iguais, somos rios, mas não somos uno,
Pois és um dos rios descendo da serra,
E eu sou o outro rio a caminho do mar,
Correndo às bênçãos do deus Netuno,
Que viu nosso amor começando em terra
E, agora, quer nEle esse tão grande AMAR.
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