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Poesias-->LIMEIRIANAS -- 11/07/2006 - 10:38 (Gorki Mariano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LIMEIRIANAS

(Imitação da arte de Zé Limeira - Poeta do Absurdo)





Quando vim de Juazeiro

Cheguei em Recife armado

Uma muié do meu lado

Quase morreu de alegria

Dizendo valei-me vigem Maria

Esse cabra é contente

Trouxe fartura pra gente

Ainda tamo em agosto

A safra nem começou

Mas essa cabra já chegou

Todo saudável e disposto



Descendo da viatura

Que era um jumento de lote

Dei um cheiro no cangote

De uma moça faceira

Fomos juntos lá pra feira

Comprar logo um hotel

Tomamos chá de jalapa

Bebemos um gole de fel

Eu pensei que era o inferno

Mas acordei já de terno

Nas doces bramuras do céu



No mercado de São José

Comprei um quilo de colher

Pra adoçar minha vida

Beijei moça e rapariga

Numa esfregação de arte

Fiz trela por toda parte

Atravessei tanta ponte

Fiz uma guerra num monte

Onde hoje desce avião

E conheci um caboclo

Com o falar manso e rouco

Que o povo chamava cão



Já cansado do Recife

Que não é cidade Natal

Pois Natal é mais pro norte

Ou mesmo no fim do ano

Deixei todos meus enganos

Numa maleta na feira

Comprei uma geladeira

Para guardar rapadura preta

Um cabra tava com maleita

Tremendo da febre escura

Quase não tinha cintura



Era fino feito cipó

E gemia de dar dó

Se espremia num canto

Dos olhos rolavam prantos

Que inundaram um riacho

O sujeito metido a macho

Tinha cara de sofredor

Gemia de causar dó

Fez um tolete tão duro

Que o dia ficou escuro

E o bicho ficou seguro

Sem sair do fiofó



Peguei o metro local

Fui parar em Caruaru

Bicho que pula é cururu

Sapato só presta bota

Cana boa é piojota

Cachaça só da amarela

Muié feia e banguela

Desse mundo é cancela

Fritura só em panela

Sopa boa só de pedra

E arroz que é bom não quebra



Deixo um abraço a Raimundo

Cabra cumprido e valente

Tiradô de coco sem vara

Traz alegria na cara

Estampada num sorriso

Já fez prova pra tenente

Com raiva trinca os dentes

Enfrenta toda a nação

Ta hoje na mestria

Dá risada de alegria

E faz administração



Nas terras de Caruaru

Fui ainda em Cupira

Lá tem caboclo que tira

Gitiranas e ziquiziras

Serenatas de violão

Os cabra viram no cão

Tocando de oi fechado

E a garrafa do lado

Prestem grande atenção

Saem versos com emoção

Das histórias do sertão



Mufula toca cu’a mão

Cu’a outra toma o mé

È tarado por muié

Que tem as batata grossa

È caboclo cheio de bossa

Já fez buraco em granito

Diz que nunca fica aflito

Toca e canta com arte

Faz arte por toda parte

Até já voto em Lula

Diz que canguru só pula

Lá nas terras da Austrália

Já tomo chá de navalha

Bebendo de um gole só

Diz que cabra analfabeto

Só consegue escrever certo

Quando no chão faz um o.





De Caruaru voltei triste

O trem pra lá não existe

Só tem mesmo é lotação

Me zanguei sentei a mão

No toutiço de um galego

O cabra teve tanto medo

Que o retrato caiu

Valei-me Gilberto Gil

Ministro de viola em riste

Nunca vi um galo triste

Nem porco que num fosse sério

Já morei num cemitério

E acordava com as almas

E nesse tempo de calma

Estudei tanta Geologia

Que fiquei sabido e assaz

Hoje não estudo mais

Esqueci o que não sabia

Me arretei por engano

Lacei o continente Africano

E até o final do ano

Trago o bicho de volta

Acabando com o mar

Desfazendo o que a tectônica

Inventou de inventar



Juntando Brasil-Africa

Lula vai se acalmar

Talvez fique por aqui

Talvez torne a viajar

Nunca vi bicho do mar

Gostar tanto de avião

Lula viaja feito S. João

No tempo que era gerente

E gritava com tanta gente

Que o céu escurecia

Valei-me virgem Maria

Que agora estou descrente

Pois votei num presidente

Que não para no Brasil

Ora puta-que-pariu

Ele foi eleito pra quê

Só faz viajar e come

Ta gordo feito um major

Mas deixa o Brasil de lado

E sai voado danado

Num avião luzidio

De novo me arrepio

E estremeço de raiva

Por que se bom num tava

Agora é que lascou tudo

Esse sujeito barbudo

Só quer viver passeando

Na próxima eu não me engano

Vou ser um bom eleitor

Só vou vota de tamanco

E pra não perder o voto

Agora só voto em branco.





Gorki Mariano

gm@ufpe.br



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