O alcoolismo é uma doença, provocada pelo uso imoderado de bebidas alcoólicas. De ponto de vista individual, é quase sempre uma tentativa para superação de desajustes da personalidade. O indivíduo bebe para ajustar-se a situações que lhe são insuportáveis no estado de normalidade. É um lamentável círculo vicioso: buscando ajustar-se, o alcoólatra se desajusta cada vez mais; presa de perturbações digestivas, circulatórias, renais, hepáticas, nervosas, perde gradativamente o controle de suas ações, decai física e moralmente; perdendo o respeito por si mesmo, avança em degradação em degradação até se transformar em objeto de repugnância e desprezo geral, inclusive da mulher, dos filhos, dos parentes. Os filhos, esses, não raro, são suas maiores vítimas: indefesos, assimilam o vício, pela hereditariedade e pelo exemplo; física e psicologicamente contaminados vão, no futuro, integrar o cortejo desses rebotalhos da sociedade de que fazem parte e da qual, por sua vez, também são vítimas. Em alguns países adotam-se medidas drásticas contra o mal social do alcoolismo. De nada vale, porém, a repressão pura e simples. Antes de tudo, o alcoolismo é também um problema de educação, ou de reeducação através da psicoterapia.
ALCOOLISMO CRÔNICO
Dizem os especialistas que de quinze “bebedores sociais” um é alcoólatra. Por um “bebedor social” entende-se aquele que bebe regulamente mas não é um viciado, a ponto de descambar para o “delirium tremens”. Bebe em casa, em banquetes, nas festas em geral, mas não se embriaga, “sabe quando parar”. O alcoólatra, não; “não sabe quando parar”. Tomando o primeiro trago, tomará o segundo, um terceiro, e um quarto, até à embriaguez total com todo o seu cortejo de desgraças morais e orgânicas.
Conhecendo-se bem, sabendo-se alcoólatra (o alcoolismo não tem “cura”; o alcoólatra o será até o fim do seus dias) quando suas faculdades psíquicas gozam ainda de lucidez, pode o indivíduo reeducar-se, transformar-se moralmente e numa decorrência disso livrar-se da bebida. Quais os indícios dessa enfermidade? (o alcoolismo é uma enfermidade).
O médico americano Dr. Robert V. Seliger, do National Committee on Alcohol Hygiene deu a público o seguinte questionário, para o reconhecimento da pessoa dada ao álcool e a caminho do alcoolismo:
1) A bebida faz que você roube tempo ao trabalho?
2) A bebida está tornando infeliz a sua vida doméstica?
3) Você bebe porque se sente encabulado diante dos outros?
4) A bebida está influindo na sua reputação?
5) Depois de beber, alguma vez já sentiu remorsos?
6) A bebida acarretou-lhe dificuldades financeiras?
7) Quando bebe, você procura companhias mais baixas, ou ambientes inferiores?
8) A bebida torna-o descuidado das obrigações relativas ao bem estar da família?
9) Sente forte desejo de beber numa determinada hora, todo dia?
10) E na manhã seguinte, deseja beber?
11) Sua ambição tem decrescido desde que começou a beber?
12) A bebida perturba-lhe o sono?
13) Sua eficiência tem diminuído em conseqüência da bebida?
14) A bebida está atrapalhando seu negócio ou seu trabalho?
15) Você bebe para fugir a preocupações ou complicações?
16) Bebe sozinho?
17) Já teve completa falta de memória como resultado da bebida?
18) Você já recebeu tratamento médico por causa da bebida?
19) Costuma beber “para levantar a moral”?
20) Já esteve internado em hospital ou qualquer outra instituição, por causa da bebida?
Segundo o Dr. Seliger, quem responder “sim” a qualquer dessas perguntas é um alcoólatra manifesto ou em potencial. Três ou mais “sins” denotam a pessoa já viciada.
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