| Hermes estava no banco da praça lendo o jornal sob a sombra do sol do verão quando um fantasma de seus antepassados sentou ao seu lado. Disse: “Jovem Hermes, sempre tive vontade de conhecê-lo. Dizem por lá que você é muito interessado nas coisas deste mundo. Homem de sucesso você é, segundo consta. Você não deve ter saudades de mim, pois nem me conhece. Não sente saudades de mim, pois nunca me viu. Esta imagem que se projeta pode ser um registro para você, quem sabe numa fração de segundos num futuro incerto você tenha uma impressão de saudade desta conversa que temos agora. Nossos sentidos captam tudo e depois, caleidoscópicamente, misturam para guardar na memória. Como você não tem minha memória, como seus sentidos não me captaram, acho que você não está triste, nem deprimido. Sua tristeza depende de minha existência. Se não existo para você, logo não vai ficar triste por causa de mim. Hermes, não seja tão hermético, perceba o sopro de minha vida”. Uma brisa repentina causou um breve calafrio em Hermes. Ele pegou o jornal, fez uma bola e jogou no lixo. Levantou-se rapidamente, olhou para o céu e disse consigo mesmo: “Vai chover”. Foi embora rapidamente e nem viu o fantasma de seu antepassado. |
