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Cartas-->"VER VENDO" -- 09/07/2003 - 17:10 (JAQUELINE ALENCASTRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quantas vezes passei por locais maravilhosos e não me dei conta de suas existências...
Quantas vezes disse Bom Dia e não olhei os olhos a quem cumprimentava...
Quantas vezes as oportunidades bateram à minha porta e eu deixei de aproveita-las, de lhes dar o devido valor, por estar preocupado com um amanhã material, que poderia ou não se concretizar, esquecendo do agora, do olhar em volta, do sentir o cheiro das coisas...
Do não perceber o perfume das flores ou o sabor dos vinhos...
Do ter prazer em olhar o brilho da lua refletindo o sol...
Da alegria do sorriso de uma criança honesto, simples e verdadeiro ao ganhar uma pequena lembrança ou um doce ou uma palavra de amor e de
carinho...
Dei-me conta do que estou perdendo por me preocupar tanto...
Do querer viver hoje um amanhã que não me pertence...
Dei-me conta de que preciso olhar e ver...
"Ver Vendo"...
... De tanto ver, a gente banaliza o olhar... Vê não-vendo...
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...
Parece fácil, mas não é...
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade...
O campo visual da nossa rotina é como um vazio...
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta...
Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...
De tanto ver, você não vê...
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório...
Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro...
Dava-lhe um bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência...
Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer...
Como era ele?
Sua cara?
Sua voz?
Como se vestia?
Não fazia a mínima idéia...
Em 32 anos, nunca o viu...
Para ser notado, o porteiro teve que morrer...
Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência...
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem...
Mas há sempre o que ver...
Gente, coisas, bichos...
E vemos?
Não, não vemos...
Uma criança vê o que um adulto não vê...
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo...
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê...
Há pai que nunca viu o próprio filho...
Marido que nunca viu a própria mulher (e desconhece os seus segredos e
desejos), isso existe às pampas...
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos...
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença...


Autor: Otto Lara Rezende


PS: enviado pelo amigo Nil

Ás vezes, ou melhor, em muitos momentos da nossa vida as coisas simples são deixadas de lado, trocadas mesmo pelo supérfluo, pelo material...
Como é bom, o pensar em nada, o sentir nada e deixar fluir o momento, como é bom, ver as faces ocultas pelas ruas sem conhecermos suas histórias, e apenas imaginarmos.
A vida pode ser tão simples, ser vivida com tamanha intensidade sem precisar da influência do "estar bonitinho na foto", "estar bem, para os outro assim pensarem que estamos", "atender os padrões do que os outros acham ser o certo" e por aí vai...
Só "ver vendo" mesmo, como diz a mensagem. rsss





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