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Cordel-->O Cão Que Salvou Seu Dono - Barboza Leite - Ed. Pedro Marcil -- 30/08/2012 - 22:07 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem nunca criou um cão
para ser um seu amigo
não vai entender nestes versos
as estória que eu digo
porque um amor fiel
é mais difícil que o fel
que se toma por castigo.

Quando alguém toma um castigo
cometendo uma injustiça
sendo assim muito cruel
por indolência ou preguiça
é porque não atinou
e no erro perseverou
deixando a verdade omissa.

Muitos casos conhecidos
sobre um cão se comenta
que não são invenção
que o poeta inventa
são casos acontecidos
nunca jamais desmentidos
que negar alguém intenta.

Quisera se désse assim
com os homens também
que houvesse sinceridade
como a que um cão tem
quando tem que enfrentar
para um amigo salvar
a maldade contra o bem.

Mostrando grandes exemplos
de amizade integral
topando qualquer sacrifício
mas sendo sempre leal
como acontece com o cão
que não tem no coração
a consciência do mal.

Desde as estórias antigas
a fidelidade canina
sempre esteve em evidência
e aos homens se destina
como exemplo edificante
- pare e pense num instante
e veja o que um cão ensina.

Havia na minha terra
um famoso caçador
para onde ele ia, ia junto
um cão, o seu protetor;
os dois não se separavam
da caça se ocupavam
de manhã ao sol se por.

Na volta o cão sempre vinha
a frente do seu amigo
demonstrando desse jeito
estar à frente do perigo;
só quando à casa chegavam
era que se separavam
-pensando, o cão, lá consigo:

“Já fiz o que era direito
permaneci vigilante
os perigos não deixei
que ameaçassem um instante
o meu amo a quem sirvo
e por favor de quem vivo
sem ser dele um semelhante”.

Recolhia-se ao canil
para gozar um descanso
mesmo assim de vigília
muito quieto e manso
- assim eu penso que era
a atitude da fera
da rede vendo o balanço

Do seu amo no alpendre
preparando outra excursão
no dia seguinte, talvez,
pelas brenhas do sertão.
O cão até nem dormia
pensando na alegria
de acompanhar o patrão.

Pois de manhãzinha bem cedo
já saiam novamente
o patrão na retaguarda
e o cão fiel mais na frente.
Ao pingo do meio dia
Ouviram uma latomia
de assustar qualquer valente.

Do local se aproximaram
sem ver nada de estranho
mesmo assim o homem estava
com um medo deste tamanho
pois nas águas de um riacho
que ficava mais embaixo
uns marrecos tomavam banho

com a maior tranqüilidade
numa indiferença total.
se algum perigo havia
nada o homem via de mal;
mesmo assim jogou no chão
o chapéu e o matolão
e fez o pelo sinal.

Deixou ali as miunças
e deu volta no matagal
mas, nem o vento, parado,
mexia no folharal.
Quando ele voltou, então
ouviu o ganido do cão
de uma forma sem igual.

Ia pegar no chapéu
e apanhar o matolão
mas o cão saltou-lhe em cima
jogando-lhe longe, no chão.
E quanto mais insistia
mais o cão se enfurecia
latindo até a exaustão.

Afinal o cão relutava
Sem o patrão entender
-não querendo bater no cão
para não se arrepender
o homem viu uma cobra
enroladinha nas dobras
do matolão. Que fazer?

Jeito já não havia
de salvar o seu amigo;
só tinha então, que matar
o hediondo inimigo
e guardar no coração
a prova de afeição
doendo-lhe como um castigo.


Arrebentou a cabeça
da malvada com a coronha
de sua velha lazarina
e, com a alma tristonha
para casa regressou
- à caça jamais voltou
com remorso e com vergonha.

Que belo exemplo, que belo
de estranha fidalguia
o holocausto de um cão
que se dá em serventia
ao seu dono, e por um preço
que em poucos homens conheço
hoje em dia, hoje em dia.

Tem assim a raça canina
com o homem uma ligação
profunda e perseverante
com quem tem noção
de que o amor só existe
se a fidelidade persiste
em qualquer ocasião.

Eu já tive em minha casa
uma formosa cadela
que defendia minha família
como se a mãe fosse ela.
-não me recuso a dizer
o quanto nos fez sofrer
a hora da morte dela.

O meu caçula a encontrou
quando era bem pequena
jogada num monte de lixo
e doente de fazer pena
usamos todos os recursos
para à sua vida dar curso
chegando a rezar novenas.

Pois bem, depois que ela cresceu
tornou-se afoita e bonita
se um menino chorava
ela ficava aflita
não comia e nem bebia
do choro a causa maldita.

Na casa de um meu avô
muitos cães também havia
talvez por isso, também,
eu senti com alegria
que a presença da cadela
era como uma janela
que para o amor se abria.

O dia inteiro ela estava
sempre com a criançada
se aparecia um estranho
ela ficava irritada
com os olhos aboticados
tendo o maior cuidado
para não ocorrer nada.

Foi então que aconteceu
de vir a ser nossa vizinha
uma família esquisita
que bons modos não tinha
- minha mulher, preocupada,
vendo a cadela zangada
O seu temor não continha


Passou a prender a cadela
numa área isolada
onde ela ficava ganindo
sempre triste, amargurada.
Os meninos ficavam brincando
e ela, de longe espiando,
de cabeça levantada.

Deu-se que tal família
recebia uns parentes
que a cadela pressentia
não serem muito indulgentes
- bastava ver como ela ficava
sua língua salivava
com ela rangendo os dentes.

Mais cuidados era impossível
De se ter com a sua ira
nessas horas o perigo,
o ar, mesmo, já transpira
-vivíamos preocupados
com os meninos isolados
daquela gente tiquira.


Mas, deu-se que a liberdade
de que todos são parentes
a cadela adquiriu
pelas mãos complacentes
de um de seus amiguinhos
fazendo-lhe muito carinho
e dizendo-lhe: vá em frente.

Justamente no momento
chegava um daqueles vizinhos
que assustou-se ameaçando
chutar, da cadela, o focinho.
foi o bastante, ela o agarrou
e suas roupas estraçalhou,
por culpa do menininho.

Outro jeito não havia,
Senão, desfazer-nos dela.
A criançada chorou
ao ficar sem sua cadela.
Num caminhão foi levada
numa corda amarrada
pra não fazer outra trela.



Numa fazenda distante
ela deveria ficar
pelo menos até quando
tivésse-mos que ali ficar.
Imaginem a tristeza
na hora de posta a mesa
a meninada a chorar

Com saudade da Princesa
como ela foi batizada
foi uma semana inteira
consolando a meninada
até quando regressou
o amigo que levou
nossa cadela exilada.

E,o pior tinha que haver
na notícia que ela trouxe:
ao chegar à fazenda,
cadê a cadela?eclipsou-se?
viajando na carroceria,
triste como ela ia,
da corda, logo, safou-se.



Os dias foram passando
sem se ter notícia dela
a meninada chorando
com pena de sua cadela
-eu só podia esperar
a Providência chegar,
sem permitir mais querelas.

E, foi assim, no entanto
o que aconteceu, afinal.
Já era tarde da noite,
na TV era o jornal
quando a minha mulher percebeu
e, logo, conta se deu
de alguma coisa anormal.

Do lado de fora, no alpendre
uns ganidos se ouvia
como se estivesse sentindo
estertores de agonia
um animal muito cansado
num esforço desesperado
que ainda gemer podia.

Felizmente, era a princesa
que descobrira o caminho
e voltava pra sua casa
ansiosa por carinho.
Faminta e morta de sede
ela arranhava as paredes
de onde fora seu ninho.

Vendo aquela dedicação
minha mulher se abraçou
com aquele animal tão cativo
que uma lição lhe ensinou:
- o amor com amor se paga
e é luz que sempre afaga
quem no seu peito a criou.

Mudamos de residência.
princesa morreu de idosa.
uma fidelidade assim
torna a vida preciosa.
Ofereço estas lições
entre as muitas impressões
dos arquivos do Barboza.


Certa feita, eu era menino
e me deram de presente
um cãozinho muito novo
e de pelo reluzente.

Andava sempre ao meu lado
com a maior diligência
o brilho do seu olhar
refletia inteligência.

Quando íamos para o rio
mergulhava antes de mim
entrando e saindo da água
numa brincadeira sem fim.

Um dia , porém, cismado,
de jeito nenhum entrava
-pensando que fosse manha,
eu, então, o instigava.



Ele olhava para a água
e o seu corpo estremecia
fui, então, examinar
o mistério que havia.

Era uma estaca de cerca
com a ponta tão afiada
como uma espada amolada.

Caindo eu sobre ela
teria o corpo varado;
evitou-me, o cão, a morte,
se eu houvesse mergulhado.

Salvei-me por um milagre
ou porque, atento, o cão
teve o instinto do perigo
porque me tinha afeição?

São muitas estórias lindas
Que se deve descrever
Para a fidelidade do cão
O homem reconhecer.


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