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Contos-->Formidáveis e históricos tempos aqueles !... -- 14/08/2005 - 21:19 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Vasco da Gama, debruçado na borda de uma das naus que conduziu à Índia, após uma lauta jantarada com o rei de Melinde, gesticulava quanto podia a fim de transmitir a História de Portugal ao seu poderoso e ilustre convidado.

Com um dos polegares voltado para as ondas, referia a morte de Dom Fernando e respectivas consequências. De braços abertos ao céu, desenhava a imagem de Dom João, bem avisado Mestre de Avis, tentando dar ideia sobre toda a trama que levou um dado benquisto lusitano a Regedor e Defensor do reino lusíada. Com a noite bem caída sobre o tranquílo convés e a espada fora da baínha, para melhor gesticular, descreveu a fantástica batalha contra Castela, travada nos campos de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1383.

O rei de Castela invadiu Portugal e à época poucos eram os portugueses que estavam na disposição de combater em defesa da Pátria. Todavia alguns houve que desde logo ofereceram suas vidas em favor de tão iminente causa e, dentre eles, destacava-se Nuno Álvares Pereira, notável cidadão que, ao encabeçar seus acólitos, desde logo gerou uma dinâmica convicção de vitória sobre as ferinas e bem armadas hostes espanholas.

Como o meu amigo Telmo bem relaciona, o Nuno Álvares Pereira hodierno é o José Mourinho, o qual, se de momento está ao serviço da raínha inglesa, isso deve-se à ignorância bélica da Federação Portuguesa de Futebol, que preferiu entregar a santa espada e o cofre das moedas de ouro ao degladior brasileiro Scolari.

Bem, com paus e varapaus os portugueses tinham a fama de nunca ter caído de joelhos aos pés da soldadesca espanhola e, daí, qualquer momentâneo cagaço foi dando azo a bem segurar o cinto em torno das amedrontadas barrigas. Naquele tempo, as espadas entravam por um lado e saíam pelo outro.

No início da terrível batalha, os sons das trombetas castelhanas causaram desmoralizantes efeitos no improvisado exército português, não só aos encolhidos guerreiros, mas também a todas mães que apertavam os filhos ao peito com medo de perderem os maridos para sempre. Toda a população da margem do Guadiana, do Alentejo e Ribatejo estava assustadíssima.

Na protentosa batalha, destacaram-se as actuações de Nuno Álvares Pereira, conceptor da posição defensiva em quadrado, e de Dom João, Mestre de Avis. É de salientar também o facto de dois irmãos do Condestável guerreiro combaterem contra a própria Pátria, mas acabaram por morrer na peleja e foram considerados traidores a Portugal.

Nesta altura, Vasco da Gama, imaginando-se em telepático enlevo, começa a declamar versos de Camões, na parte em que o mor vate escreve nos Lusíadas mais uma quantas oitavas a ilustrar o esplendor português entre o desânimo dos castelhados, correndo quanto podiam em direcção ao seu país.

De repente, um pequeno barco encosta ao portaló da nau. Duas belas donzelas indianas sobem desenvoltamente a escada de corda. O rei de Melinde toma-lhes as delicadas mãozinhas e, em bem inclinada vénia, oferece-as ao barbudo comandante português.

Vasco da Gama, com uma e com outra sob os seus potentes braços, encaminha-se para seu priveligiado camarote.

O rei de Melinde, logo que Vasco desceu para dentro do casco, desabafou em indiano: apre, o gajo com aqueles gestos guerreiros todos, quase que me atirava pela borda fora...

Entre a calma da noite e o suave borbulhar das águas contra a nau, ouviam-se então amantíssimos e extasiados suspiros: - Ai... Ai... E ai... E ai... Formidáveis e históricos tempos aqueles !...

António Torre da Guia



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