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Cordel-->AMANTES EM CABO FRIO -- 15/10/2012 - 16:23 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Amantes em Cabo Frio


Amigo, vou contar uma estória
de um “romântico” do lugar.
Um rapaz que tinha como glória
viajar o mundo no seu sonhar:
Até princesas de outros reinos
cavalgavam em alazões ligeiros
voando, para com ele se casar.

Em suas travessias pelo Itajuru
enfrentava até Netuno poderoso
e o monstro marinho lá do sul
perante ele ficava bem medroso.
Valente, quando a ocasião exigia
mas sempre o que mais queria
era se precisava ser, só amoroso.

Aí, é que ele bem se agigantava
representando seu melhor papel:
Quando a lua o barqueiro prateava
era ele o galante adocicado, o mel
que deixava as sereias na loucura
por tanta galhardia, tanta doçura
que dançavam nas nuvens do céu.

Mas nem sempre era só de amor
o sonhar desse nosso barqueiro.
Às vezes, pensando no desamor
que foi tratado o povo primeiro
que ocupou às margens do canal
ele ficava triste e até passava mal
pois este seu pesar era verdadeiro.

Sem a chance para se defender
foram os Tamoios massacrados,
quando convidados a morrer
no dia em que foram enganados.
Naquele dia um povo guerreiro
tinha, como lembrava o barqueiro,
seu paraíso invadido, profanado.

Esse genocídio dos Tupinambás
em plena terras desse Cabo Frio
foi coisa de cabrunco, satanás,
que até nossos dias, causa calafrio.
Mas essa é historia pra depois
que nessa estória é para os dois
que bem adiante, se tornou trio...

Bem, eu não vou me adiantar
pois sendo um caso de romance
é preciso muita calma no contar
para não melindrar os amantes.
Muito bem menos sua charmosa
linda e molhada garota gulosa
que aí sim, vou levar adiante.

Pois bem, esta é uma estória
acontecida aqui na Passagem
que é um bairro cheio de glória
do tempo de colonial paisagem
que em Cabo Frio foi formação
do novo mundo à colonização
do Brasil, nas primeiras viagens.

Bem, antigo, ele também não era
só o bairro, diga-se de passagem.
Barqueiro de forte remada, pudera
tinha que ser jovem, nessa viagem.
Ainda mais em tempos modernosos
de iguais tão ardentes e amorosos
que tudo o mais vira até bobagem.

Ele sempre levou pessoas no barco
para passeios na Ilha do Japonês.
Pessoas que divertiam seus cansaços
mas eram poucas de cada vez.
Levava e buscava constantemente
e recebia sua paga alegremente
pois muitos até já eram freguês.

Até que um dia de muita claridade
ele levou uma sereia disfarçada
junto a uma trupe de mocidade
que faziam algazarra e palhaçada.
Fizeram naquele dia a travessia
com tanta brincadeira e alegria
que a alma dele ficou embaraçada.

Eles muito cantaram e gargalharam
enquanto ela escondia seus pés
e apenas ele, os outros não notaram
o quanto era estranho aquele viés.
Mas uns olhos grandes enfeitiçou
o barqueiro que a paixão encontrou
pintada nas cores de muitos pincéis.


Quando na ilha eles chegaram
fizeram tanto alvoroço na descida
que até seus olhos o enganaram
que da sua visão ficou desaparecida
àquela que chegou como torrente
como a mais forte das correntes
que deixou a sua alma umedecida.

Os dias seguintes foram de tortura
de tanto indagar aos passageiros
numa angústia por uma procura;
a de sua sereia e o seu paradeiro.
E no leva e traz pela correnteza
que muito amor era sua certeza
pela mulher, seu amor primeiro.

Tempos depois, ela foi fisgada
com muitas flores e promessas.
O amor iniciado numa braçada
se deixou tranqüilo, sem pressa.
Um amor mágico, de calmaria,
de odes, sonetos e muita poesia:
é tudo que uma paixão engessa.

Em frenético idílio, passeavam
de mãos dadas por toda cidade.
Na Praia do Forte não cansavam
e até a brisa soprava felicidade.
Era tanto amor em seu coração
que beijou sua boca no calçadão
em pleno dia, em plena claridade.

Passeavam no Morro da Guia,
na Gamboa, no “Anjo Caído”
e até esbanjavam sua alegria
na Passagem, com seus amigos.
Comiam panquecas no Siqueira,
dançavam na Praça da Bandeira
numa seresta a levantar os brios.

Iam a praia das Conchas, no Peró,
na Praça das Águas; o artesanato
das feirinhas e o que há de melhor
em matéria de peixe: no Mercado.
Cabo frio virou um mar de rosas
nesses tempos que o amante prosa
por amor, atravessava o mar a nado.

Mas como não tem mal que dure
nem bem que nunca se acabe...
espero que essa dor não perdure
nem que você chore ou desabe.
O melhor, talvez, seja o que for
e desde sempre torcer pelo amor
que isso acontece, nunca se sabe...

Um dia, sem o nosso barqueiro
que saíra em pescaria demorada
um vento sudoeste traiçoeiro
soprou uma nuvem amaldiçoada.
A mulher que ele amou demais
por quem tudo faria se capaz
por um toureiro fora levada.

Foi bem assim que se sucedeu
a profunda tristeza em Cabo Frio
que um dia um barqueiro sofreu
que abateu sua alma e seu brio.
Quando foi a São Pedro ver um circo
sua amada teve um contato de risco
ao ver um toureiro e sentir calafrio.

Era bem vestido, alto e galante
que toureava com um touro em cena
num espetáculo hilário e emocionante
que transformava o picadeiro em arena.
Ela o aplaudia com tanto ardor
que o barqueiro tanto reclamou
que sua silhueta foi ficando pequena.

Dias e brigas depois ela partiu
num caminhão de circo itinerante
levada na bagagem de quem sorriu
no último ato do penúltimo instante.
Nessa estória quem levou a pior
talvez seja quem levou a melhor
talvez o amor, a amada, o amante.

Em boca pequena falam pela cidade
que ela não era mulher e nem sereia
nem tiveram assim tanta felicidade
e o touro era um boi bumbá de areia.
Só não explicam é um barco vazio
atravessando o canal em noite de frio
indo a Ilha do Japonês, na lua cheia...




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