Às vezes, sem ter que fazer, mas sentindo o impulso de fazer algo, dou umas voltas pela Usina, procurando o "não_sei_quê" ao "deus-dará".
Desta feita, percorrendo uma lista dos assinantes, mais exactamente naquela que refere o número de leituras mensais, fui dar ao fundo da tabela com TANUSSI CARDOSO - 1 leitura.
- Diacho - interroguei-me - como é possível? Se calhar, trata-se de alguém que inseriu o texto, conferiu a inserção e, pronto, tudo assim restou em completa indiferença.
Mas não. Fui ler o texto "" e constatei que o poeminha, única intervenção do assinante desde 20.05.2005, às 10h10, tinha com efeito 25 leituras.
Li o poeminha, muito-muito curto, espécie de joguinho de contradições lógicas que culminam com a morte da mãe do usuário.
Aqui, bem, estabeleceu-se de imediato a imparável relação que misteriosamente une todos os humanos. A mesma desdita tem o infalível condão de produzir excelsos efeitos.
A minha mãe morreu cerca das 9 horas da manhã, em 06.01.1992, vitimada por súbito desfalecimento, enquanto preparava o pequeno almoço.
Levantei-me e, antes de me encaminhar para o quarto de banho, passei pelo quarto dela para lhe dar o bom dia. A telefonia estava ligada e o leito estava aberto sem ninguém. Presumi que estaria algures pela casa e fui para o quarto de banho.
Quando me preparei, chamei alto por ela, mas não obtive resposta. Procurei por toda a casa, percorri o nosso comprido quintal em pormenor e, a magicar - onde estará? - não a encontrei.
Reentrei pela cozinha, que estava de porta escancarada, e, a surgirem por debaixo da mesa, vi as pernas de minha mãe. Abordando-a de imediato, reparei que estava recostada de encontro ao fogão, com a cabeça pendente sobre o peito. Em seu rosto estava desenhado um leve, mas muito tranquílo, sorriso. Estava morta.
Do seu quatro, distante umas três dezenas de metros, vinha o som de música, muito leve também, que a voz do Marco Paulo envolvia:
"Maravilhoso coração
Maravilhoso
Meu companheiro
Nos caminhos desta vida...
Ora, o poemeto de TANUSSI CARDOSO, termina assim:
"A mãe morta
é o deus morto"
E é, meu caro TANUSSI, meus caros "LL". É algo que a mim, em absoluto, me confirma que apenas a ideia de Deus existe, e já não é mau, para um incréu como eu.
Agora, reparem acima, nesta curiosidade:
O Tanussi inseriu o seu escrito em 20.05.2005, às 10.10. Tinha 1 leitura mensal e 25 desde a sua inserção. Revejam os números da data e da hora e das leituras. Apre!... Há ou não há aqui uma espontânea e estranha mensagem entre uma série de impressionantes coincidências, que ainda poderão ser muitas mais, se o TANUSSI ler este texto e porventura adjuntar outras.
E, com a canção de Marco Paulo, em fundo, que me faz estremer dos pés à cabeça e em todas as direcções, à procura de sustenção espiritual, assim, por aqui, me fico a meditar nos "ELOS" do TANUSSI, mas desde já incentivado por um bichinho íntimo que me impele para ir em busca de outra qualquer coisa.
Saravá brasucada fixe.
António Torre da Guia |