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Cordel-->DESAFIO DE XICO URUÓCA E ZÉ DA MUNDICA -- 21/11/2012 - 09:15 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Desafio de Xico Uruóca

e Zé da Mundica
 
 
 
XICO - Amigo, chegue pra perto
se sente no tamborete
que estou lhe oferecendo.
Não quero ver cara feia,
e se falar da vida alheia,
você, hoje, sai perdendo.
 
ZÉ - Posso sair perdendo, e nem por isso
minha cuca se esbraseia,
pois assumo o compromisso
de não falar da vida alheia
mas, previno-lhe:tenha cuidado
pois estou acostumado
a não ter causa perdida,
não tenho língua comprida
pois não falo da vida alheia.
 
 
 
XICO - Não falar da vida alheia
é sinal de educação
a que só um cabra da peia
oferece contestação.
Espero que você respeite,
minha recomendação aceite
neste lazer que se enseja,
versando nesta peleja
sem entrar na contra-mão.
 
zÉ - Sem entrar na contra-mão
é o que vou lhe oferecer,
eu não luto sem razão
pois não costumo perder,
no entanto lhe previno!
estou preparando um pepino
que vai lhe deixar avexado,
se não ficar entalado
e com uma baita indigestão.
 
Xico - Com uma baita indigestão
é o que pode acontecer
com um doce de mamão
que vou lhe oferecer
temperado com pimenta,
como ninguém agüenta.
Basta você ingerir
e uma dor-de-barriga sentir
com o corpo todo a tremer.
 
ZÉ - O meu corpo pode tremer
mas, não me perturbo, não;
eu só costumo sofrer
se me falta inspiração,
poeta reconhecido
sempre ando prevenido
com um galho de arruda
qualquer santo me ajuda
a vencer qualquer questão.
 
XICO - A vencer qualquer questão
já estou habituado,
desvirei bala de canhão
quando estava aquartelado;
cantador pra me vencer
ainda estou para ver
eu luto de sabre esgrima,
se você falar na rima
considere-se derrotado.
 
ZÉ - Quando estou versejando
não me faço de rogado,
sempre estou cultivando
idéias em meu roçado:
planto sementes, colho flores
que me dão satisfação,
alegram o meu coração
sem me causar dissabores.
 
 
XICO - Já cantei em Canindé,
morei em Peri-peri;
na primeira cidade, a fé
existe mais do que aqui
e como vi em Juazeiro,
onde surgiu o primeiro
taumaturgo do sertão
benzendo com sua mão
o povo do Cariri.
 
ZÉ - Sei das várias profissões
em que você é versado
não preciso de opiniões
que me deixem conformado;
fui criado com canjica,
sendo filho da Mundica,
não dou vantagem a cristão
e quem foi de Riachão
não passa de um pé-rapado.
 
XICO - Não passar de um pé-rapado
só sendo no seu conceito,
seja mais educado
pra merecer meu respeito,
sendo José da Mundica,
quando a sua língua estica
só mosquitos engole,
suspira que nem um bule
porque não enxerga direito.
 
 
ZÉ - Esta, agora, me doeu
como um pau na moleira,
minha cabeça ferveu
como se fosse chaleira
mas, não chego ao desespero.
Diga-me; qual é o tempero
melhor para sua comida
antes de ser consumida,
e que se coma o prato inteiro.
 
XICO - Nesta você não me apanha
mesmo estando descuidado:
- mesmo que seja sem banha
e sendo mal cozinhado ,
um prato de feijão escoteiro
parece o manjar primeiro
que o homem descobriu
e calmamente engoliu
porque estava esfomeado.

ZÉ - Você me deixou convencido
que o melhor tempero é a fome
deixando um homem nutrido
se um prato deste consome;
não é preciso caviar
para um homem alimentar;
nem comida italiana,
francesa ou americana:
o que vale é matar a fome.
 
XICO - Diga-me porque razão
por menor que seja a fome
de um homem sem coração
que o seu povo não ama
porque produz sua morte
num desespero tão forte
que mexe com todo mundo
deixando seu clamor profundo
na sensibilidade humana?
 
ZÉ - O direito a vida é sagrado,
seja ao grande ou ao pequeno
a cada um cabe um bocado
de respeito ao seu destino,
mas existe um ser perfeito:
até de errar de direito
quem por falta de formação
só ocupa o seu coração
com proezas e desatinos.
 
XICO - Sua resposta traduz
o que existe na caridade
daquEle, que numa cruz
foi o símbolo da humildade;
era filho de um carpinteiro
mas, tornou-se o primeiro
a um grande exemplo deixar:
ninguém pode prosperar
sem o ânimo da fraternidade.
 
 
 
ZÉ - Sinto-me assim gratificado
pelo seu reconhecimento.
Jesus foi crucificado
com excesso de sofrimento
e eu recolho minha viola
que me encanta e consola;
você segue o seu caminho,
que eu vou partir sozinho
sem rancor e sem lamento.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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