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Artigos-->TERREMOTO! -- 25/02/2001 - 00:21 (MARCIANO VASQUES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TERREMOTO!

A ÍNDIA CHORA PERPLEXA



Autor do Poema sobre o Desastre de Lisboa, Voltaire questiona dogmas e a doutrina cristã sobre a liberdade concedida por Deus ao homem para avaliar a sua alma.O terremoto de 1755, em Lisboa, impressionou o sábio, autor de Cândido: como é possível que inocentes tenham sido punidos juntamente com culpados?-Ele indaga, perplexo.

É assim que acontece nas tragédias.Foi assim com o terremoto de Portugal e está sendo assim neste inicio de 2001, com o terremoto na Índia.Crianças inocentes, pessoas bondosas, todos sacrificados ao lado de malfeitores e assassinos, num evento promovido pela grande mãe, a mãe Terra.

Terremoto é algo terrível, doloroso, que desperta nas pessoas a natureza da solidariedade humana - adormecida em dias sem tragédias-, também mobiliza o saqueador, aquele que não socorre nem ajuda a socorrer as vítimas, mas aproveita para rastrear os objetos perdidos e saquear os mortos e os indefesos.Chocante? Mas acontece...

Longe das tragédias é costume se caminhar em avenidas paulistas sem que haja um abalo sequer na consciência ao se passar por crianças abandonadas como dejetos humanos pelas calçadas da cidade.Convivência com o cotidiano e trivialização da violência embrutecem o coração, endurecem a alma.Crianças e cães abandonados precisam de amparo, carinho e recolhimento, mas não é assim.O cidadão, muito apressado, a rotina, sufocante, os olhos se desviam, o olhar fica hipócrita.Todo mundo está repleto de problemas.Seria preciso um terremoto interior, dentro de cada um, para que algo despertasse. Mas crianças se transformam em marginais e cães alastram doenças. Marginalidade e doenças: sintomas vivos do abandono e da horrível criatura que nos brota, chamada indiferença.

Terremoto é deveras algo muito triste, é o encontro da criatura humana com o poder medonho da natureza, da grande mãe.Um terremoto não exige lamentações (Não há tempo para isso!), mas enfrentamento, ação imediata, de todos, solidariedade, ajuda, socorro, conforto, esperança, reconstrução.Um povo religioso, que se banha diariamente na fé, está lá soterrado, chorando, vendo seus filhos morrerem embaixo de lajes e concretos.Um povo resplandecente -como são todos os povos, cada qual com a sua cultura -, está lá, gritando com lágrimas e sangue, por socorro.

O maior tremor de terra do último meio século.O segundo no janeiro que abre o milênio.Recentemente o terremoto em El Salvador, não tão intenso, mas igualmente trágico, e tantas vidas levou...

A índia avança em direção ao continente asiático, dois centímetros a cada ano, esse movimento acontece há 50 milhões de anos.A região era separada da Ásia e entrou em colisão com o continente.O choque fez surgir o Himalaia, a maior cadeia de montanhas do mundo.

Agora este terremoto no noroeste da Índia, deixando prédios desabados, mortos mais de dois mil, feridos e soterrados cinco mil.Local preciso: Estado de Gujarat, perto do Paquistão, num dia de festejos e comemorações.O Dia da República.

A cidade de Bhuj permanece até o último sábado de janeiro incomunicável.Pessoas dormindo nas ruas, com medo de entrar em suas casas.

Na capital Ahmedalad, corpos empilhados e os sobreviventes agonizando nos corredores de um hospital.Imagens e notícias que as agências de jornalismo do mundo inteiro fazem chegar nas bancas de jornais e nos lares, no descanso familiar ritualizado pela TV.

O Brasil é um país abençoado, bonito por natureza e abençoado por Deus, dizia o velho Simonal. A sua devastação e o sofrimento do seu povo não são causados pelas manifestações da natureza, da grande mãe, pois não há tremores, não há terremotos, não há vulcões.Quando muito, enchentes, secas e geadas.Enchentes e secas sempre simbolizarão para mim os parâmetros da alma de um governo.Tragédias que poderiam ser atenuadas, sofrimento que podia ser amenizado com boa vontade política e concentração de esforços e intenções, quando os governantes estão distantes dos palanques, pois o palanque, cada vez mais midiático, é o templo das boas intenções.

Mas voltemos à Índia, onde há feridos, choro e desespero.A distância geográfica do terremoto não deve causar um vácuo em nossa alma e o coração deve ficar de prontidão para atender aos gritos de socorro.Qualquer gesto, qualquer vontade de socorrer revela, como sempre, o maravilhoso aspecto humano que, infelizmente, às vezes, precisa de solavancos, de terremotos, para despertar.

*****

MARCIANO VASQUES -SP



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