A vovó Bim Latem viu na tevê a manifestação da alegria das pessoas quando souberam que a casa delas foi escolhida para sediar as festas juninas do ano seguinte. Ela desdenhou aquela felicidade e considerou os tais seres afetados, um tanto quanto que afrescalhados.
Vovó tinha ódio da pobreza própria e atribuía a secura da terra dos seus quintais, aos erros industriais cometidos pela gente infame.
Ela sentia muita inveja e ciúmes dos mauricinhos; considerava-se também menosprezada e insultada por aquelas gentes ricas e babonas.
Bim Latem sabia que poderia causar muitos danos morais e materiais, aos seus inimigos, usando artifícios escusos e sorrateiros. Ela manipulava as crenças dos seguidores. A grande maioria deles era ágrafa e sem contatos com as notícias e o mundo exterior.
Alguns especialistas julgavam ser o próximo objetivo da vovó Bim Latem a contaminação da caixa d água da cidade. Pensavam que ela praticaria, com maestria, o delito característico da seita maligna do pavão-louco.
Essa espécie de arremedo teria a função de induzir as autoridades a pensarem terem sido os autores do crime, os membros da seita maléfica daquela galinha enfeitada.
A Satânica doutora Nó contra-ataca
A doutora Nó era tida na sociedade, como uma espécie de caçadora de raposas. Seus embates com Jarbas o caquético e o doutor Brócolis redundaram numa tremenda confusão havida no restaurante*, onde quem pagou as despesas pelo quebra-quebra, foram os contribuintes da cidade.
Nó sabia que Bim Latem atacaria mas, desconhecia como e onde o faria.
Ora se Nó causasse lá no arraial da Bim Latem a mesma destruição que esta desejava produzir na casa da Satânica, o conflito poderia se generalizar pela vizinhança. Porém as chances de que os parentes da Bim Latem lhe chamassem a atenção, admoestando-a, também aumentariam.
A vovó sabia que estava sendo caçada. Ela tinha consciência de que era minoria. Mas era certo também que possuía muito dinheiro e capacidade de convencimento usando para tal fim, argumentos, sugestões e a coação.
Convocando as forças inteligentes
Na verdade a vovó Bim Latem desejava mesmo era ser amada. Ela não estaria satisfeita se não sonhasse uma noite sequer com o Beckham ou o Capitão Mark Spitts
Porém a imprensa cobrava resultados urgentes; a sociedade exigia resoluções. E isso forçava a busca dos poderes lá de longe. O incrível Hercule Pierot estava sendo convocado, afinal todos deveriam ajudar.
Existia a consciência de que os descontentes da cidade poderiam trabalhar em favor da Bim Latem.
Ela circulava livremente por todos os cantos da urbe, usando disfarces. Quem julgasse ter a Bim Latem somente aquela estampa, de mulher velha e barbada de circo, mostrada por ela, ao aparecer nas colunas sociais dos jornais, estava redondamente enganado.
O confronto
Chegou o dia: as duas viram-se diante uma da outra, no meio de uma avenida central congestionada; olharam-se com muito ódio e desejaram o desaparecimento mútuo urgente.
Todos ao redor imobilizaram-se a espera dos atos destrutivos, danosos. e mortais. Mas algum engraçadinho (sempre havia um engraçadinho!), aproveitando a deserção, numa loja de aparelhos domésticos, colocou no sofisticado equipamento de som, a trilha sonora de O dólar furado.
Quando as duas briguentas se aproximaram para a atracação, um cheiro forte de sanduba emanou ali do Mac Donald s, envolvendo-as. Naquele momento a fome mostrou-se mais intensa do que o ódio. Caminhando emparelhadas, ambas deixaram para depois as brigas. Terminaram aquele dia nervoso, comendo sanduíches e bebendo Coca-Cola.