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Artigos-->TBC - Teatro Brasileiro de Comédia -- 20/09/2002 - 06:58 (Paula Valéria) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TBC - Teatro Brasileiro de Comédia



Em 1948, São Paulo vivia o auge do processo de industrialização. Franco Zampari - industrial que transitava nas altas rodas dos negócios e das tradicionais famílias paulistanas - criou junto a Francisco Matarazzo Sobrinho e Paulo Álvaro de Assunção a Sociedade Brasileira de Comédia. Assim nascia o TBC, inaugurado no dia 11 de Outubro, contando com uma única apresentação do monólogo - em francês - A Voz Humana, de Jean Cocteau, a cargo de Henriette Morineau, e a comédia A Mulher do Próximo, de Abílio Pereira de Almeida. Neste mesmo ano, ainda foram realizados os primeiros exames públicos da Escola de Arte Dramática, fundada por Alfredo Mesquita. Zampari, transformou o prédio da Rua Major Diogo nº 315, em um bem equipado teatro de 365 lugares, onde grupos amadores da época se apresentavam em esquema de rodízio. Num primeiro momento, nomes como o de Cacilda Becker e de Paulo Autran participavam destes grupos amadores e experimentais. O teatro herdou do grupo amador Os Comediantes, da década de 40, as diretrizes que o fizeram manter um elenco fixo com mais de 30 atores, sendo inevitável dominar o cenário da produção teatral da década de 50.



Consagradas peças importadas da Europa e dos EUA trouxeram a classe média ao teatro, pelos nomes dos atraentes diretores estrangeiros, que pela primeira vez pisavam no Brasil: Adolfo Celi, Luciano Salce, Flamínio Bollini Cerri, Ruggero Jacobbi. Este processo influenciou brasileiros como Antunes Filho, José Renato, Flávio Rangel, hoje diretores teatrais consagrados.



Em 1950, vieram os espetáculos Nick Bar, de Saroyan; Arsênico e Alfazema, de Kesselring; Luz de Gás, de Patrick Hamilton; O Mentiroso, de Goldoni (marcando a estréia de Sérgio Cardoso); Entre Quatro Paredes, de Sartre; Os Filhos de Eduardo, de Sauvajon; Anjo de Pedra, de Tenesse Williaams; e Pega Fogo, duas criações de Cacilda Becker. Tudo encenado pelos dois diretores fixos da companhia, Adolfo Celi e Ruggero Jacobbi. O elenco reunia os atores Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Maurício Barroso, Célia Biar, Ruy Affonso, Waldemar Wey, Renato Consorte, Nydia Lícia, Fredi Kleemann, Elizabeth Henreid.



Zamparini, depois de muito insistir, conseguiu convencer o ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski a aceitar o seu convite e juntar-se à companhia. A partir daí, o horário alternativo das segundas-feiras passou a ser ocupado por ele, sua estréia marcada com Falou Freud. A seguir vieram os trabalhos O Homem da Flor na Boca, de Pirandello, Lembranças de Bertha, de Tennessee Williams e O Banquete, de Lúcia Benedetti. Daí por diante, o destino artístico de Ziembinski confunde-se com o do TBC.



Em 1956, Gianni Ratto, Alberto d Aversa e Maurice Vaneau passam a integrar a equipe fixa da casa e o TBC transforma-se no orgulho cultural da cidade, sendo cada vez mais bem freqentado pela elite burguesa. Em função de tanto sucesso, Zamparini, num impeto de empolgação, leva um elenco fixo do TBC para o Rio de Janeiro, no Teatro Ginástico. Mas a drástica tragédia veio em seguida. Com poucos meses de intervalo, a sede paulista do TBC e o Teatro Ginástico são parcialmente destruídos por incêndios. Os graves prejuízos antecipam o êxodo dos principais artistas, que conseqüentemente criaram as suas próprias companhias: Sérgio Cardoso e Bibi Ferreira, Adolfo Celi e Paulo Autran, a de Tõnia Carreiro, de Walmor Chagas, de Cacilda Becker, a de Ziembinski e de Cleide Yáconis.



No ano de 1958, em seu décimo aniversário, o TBC já se encontrava abalado financeira e artísticamente. Algumas comemorações foram realizadas, mas um ano depois a crise se precipitava com o fracasso de vários espetáculos e a saída de Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sérgio Brito, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, para fundar o Teatro dos Sete. Em 1960 foi suprimido o elenco carioca.



No mesmo ano, a tentativa de uma nova política de repertório foi adotada com a contratação de Flávio Rangel e com a montagem de O Pagador de Promessas, de Dias Gomes. Neste período, o Brasil vivia turbulências e com a febre do nacionalismo, o ambiente era propício para uma nova dramaturgia nacional. Mas apesar do sucesso do espetáculo, não foi possível reequilibrar a situação econômica já bastante debilitada. Doente e com dívidas, Zamparini anunciou o fechamento do TBC. A pedido da classe teatral, o Governo do Estado de São Paulo procurou garantir a sobrevivência da companhia, declarando-a sob regime de intervenção, a cargo da Comissão Estadual de Teatro, que nomeou Roberto Freire como diretor-superintendente. Depois vieram Maurício Segall, Flávio Rangel e Décio de Almeida Prado. Alguns espetáculos foram montados, mas o regime de intervenção não deu certo e Zamparini reassumiu com menos poderes. Paralelamente, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz - também de sociedade de Zamparini - já havia quebrado.



Nas comemorações do seu décimo-quinto aniversário, o TBC apresentou a montagem de maior sucesso de sua bilheteria, Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade. Mas a situação ainda muito crítica fez com que suas portas cerrassem em 1964 como companhia produtora, permanecendo apenas como casa de espetáculos, alugada a outras companhias e grupos.



Em sua trajetória, o TBC apresentou 144 peças - além de espetáculos de música e poesia - totalizando 8.990 representações, assistidas por 1 milhão e 911 mil pessoas, e foi uma das maiores escolas práticas de profissionalismo que o teatro brasileiro já teve. A partir dele, passou-se a dar uma maior importância ao encenador e à equipe. A rotina da valorização somada à exigência do acabamento artesanal, profissional e impecável, ofereceu know-how e profissionalismo a dezenas de artistas e técnicos. E como escola de atores, o TBC lançou grandes nomes do palco brasileiro ao longo destes anos todos, sendo experiência única e inesquecível para todos que vivenciaram este processo criativo.

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