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Artigos-->As várias Fridas da artista Kahlo -- 20/09/2002 - 07:11 (Paula Valéria) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As várias Fridas da artista Kahlo



É grande o número de auto-retratos. Fica claro: Frida Kahlo marca mais uma vez presença neste estilo e nesta forte veia expressiva que desenvolveu, que é o caráter endógeno dos seus auto-retratos. A inflexão. Seu realismo fantástico/mágico é inconsciente puro do passado de uma artista que no dia 17 de setembro de 1925 sofreu um terrível acidente de trânsito. O trágico acontecimento faz com que a artista Frida não pare mais. Retratou a lápis a cena do acidente, sem respeito por regras ou perspectivas. Passou três meses de cama e começou a pintar e desenhar como forma de evitar as dores e os aborrecimentos.



"O meu pai teve, durante muitos anos, uma caixa com tintas de óleo e pincéis dentro de uma jarra antiga e uma paleta a um canto do seu estúdio fotográfico. Ele também gostava de pintar e desenhar paisagens. Desde pequena eu não tirava os olhos daquela caixa de tintas." Frida começa a pintar a tudo e a todos à sua volta. "E assim comecei o meu primeiro quadro: o retrato de um amigo."



Depois, um dossel com um espelho é colocado para cobrir toda a parte de baixo de sua cama, de forma que ela pudesse se ver e ser o seu próprio modelo. Assim começaram os auto-retratos de Frida, que acabaram acompanharam a artista por toda sua trajetória, em cada uma de suas etapas. Felizes ou doloridas fases (pela vida conturbada que teve), elas foram plenas para o desenvolvimento de toda a sua obra. Suas particularidades sempre foram muito polêmicas, sua vida com Diego Rivera, marido e grande amor, seus amantes e seus cúmplices.



Metade européia (pelo pai alemão) e metade mexicana (por parte da mãe), seu auto-retrato de 1939 é definitivo quanto ao sentimento que tem quanto a esta mistura. Ali, ela trata emoções envolvidas na sua separação e crise matrimonial com Diego, porém revela nitidamente a Frida mexicana, com roupa tehuana, que é a mais amada, enquanto a outra, espelhada e cúmplice de mãos dadas, tem um traje mais europeu e está sangrando no puro branco do vestido rendado. Os corações das duas estão ligados apenas por uma artéria, e estão expostos: surrealistas. A parte rejeitada européia de Frida corre o perigo de se esvair em sangue até a morte. É muito forte. Mulheres não tocavam neste tema e muito menos se colocavam com este tipo de abordagem.



Seu auto-retrato de 1940 - logo na fase seguinte - revela ainda mais o atrevimento quanto à sua postura feminina, em choque com o padrão vigente da época. Auto-retrato com cabelo cortado mostra Frida vestida com um largo e sóbrio terno masculino, de tonalidade escura. Aqui, ela acabou de cortar os cabelos com a tesoura representando o desprendimento dos ícones femininos como tal, na forma (e na fôrma) de justificação do afeto. O verso de uma canção surge poeticamente pintado no que diz: "Olha, se te amei foi pelo teu cabelo; agora que estás careca, já não te amo." Ousadamente ela toca na ferida do clichê, o que deve e/ou pode ou não ser permitido para a mulher e sua individualidade.



Frida Kahlo fez mais que pintar seus auto-retratos. Frida pensou. Ela sentiu e se expressou, se colocou como pessoa e mulher em tudo o que percebia à sua volta. Permeou universos de limites sutís, face a um mundo que lhe tirou e lhe deu muitas experiências contraditórias.



Na verdade, o cabelo é o seu elemento simbólico escolhido, como veículo através do qual ela expressa seus sentimentos por Rivera, à partir de 1940. Uma trança com fios desfiados assume a nova feminilidade como atitude rejeitada no auto-retrato da fase anterior. Ao longo de sua produção, Frida realça que as mulheres em geral (e entre elas - eu ) querem sempre, mais do que tudo, tê-lo nos braços como se fosse um bebê recém-nascido. Esta relação é amplamente notada no seu trabalho O Abraço Amoroso entre o Universo, a Terra (México), Eu, o Diego e o Señor Xólotl. Para a artista, o marido era muito mais do que o filho que não chegou a nascer.



No entanto, percebemos que cerca de um terço dos quadros de Frida são auto-retratos. Especialmente por volta de 1939, pintou-se o tempo todo quase que exclusivamente, o seu interesse era sempre auto-focado. Expressa-se em todos os retratos buscando revelar o seu temperamento naquele momento da pintura. Da hora, do instinto. Frida é vital a si mesma. "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o tema que conheço melhor." De cabelos soltos ou presos, em meio ao verde e aos seus bichos, ou mesmo usando seus brincos étnicos, Frida se refletiu no espelhamento - que foi poder se olhar - para fazer sua pintura contar uma história de vida passada no México dos anos trinta e quarenta.



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Do diário de frida



Diego. princípio

Diego. construtor

Diego. meu bebê

Diego. meu noivo

Diego. pintor

Diego. meu amante

Diego. meu marido

Diego. meu amigo

Diego. meu pai

Diego. minha mãe

Diego. meu filho

Diego. eu

Diego. universo

Diversidade na unidade.

Porque é que lhe chamo Meu Diego?

Ele nunca foi e nem será meu.

Ele pertence a si próprio.





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