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Poesias-->O amor (Khalil Gibran ) * -- 25/09/2006 - 07:42 (Heleida Nobrega Metello) |
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* Khalil Gibran in “Poesia-Mais-Que Perfeita”
E alguém disse:
- Fala-nos do Amor.
Quando o amor vos fizer sinal, segui-o.;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos.;
ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.
E quando vos falar, acreditai nele.;
apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
Porque assim como o vosso amor vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes sacudindo o seu apego à terra.
Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.
Então entrega-vos ao seu fogo, para poderdes ser o pão sagrado no festim de Deus.
Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes o coração da Vida.
Mas, se no vosso medo, buscais apenas a paz do amor, o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez e sair do campo do amor, a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir, mas nunca todos os vossos risos,
e chorar, mas nunca todas as vossas lágrimas.
O amor só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo.
O amor não possui nem quer ser possuído.
Porque o amor basta ao amor.
E não penseis que podeis guiar o curso do amor.;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão consumar-se.
Mas se amarem e tiverem desejos, deverão ser estes:
Fundir-se e ser um regato corrente a cantar a sua melodia à noite.
Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.
Acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor.
Descansar ao meio dia e meditar no êxtase do amor.
Voltar a casa ao crepúsculo e adormecer
tendo no coração uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
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