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Cordel-->VIDA E MORTE DE RAIMUNDO SILVA -- 24/01/2002 - 11:12 (guido carlos piva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era um cara... Assim, assim...
Não era rico, não era pobre
Aventureiro, meio simplório
Uma mão pesada, meio chinfrim.
O nome dele, Raimundo Silva.
Saiu do norte sem ter vintém
Pedreiro forte, de meia pá
Cabelo duro, olhar altivo
Bastante vivo no blá, blá, blá
Artista nato do nhenhenhém.

Quando chegou aqui no sul
Acompanhado de Rosalinda
Não tinha mala, não tinha nada.
Dois, três reais e nada mais!
Uma panela de barro branco
Quatro pedaços de rapadura
Duas trouxinhas de roupa velha
Chapéu de coco, chinelo dedo.
Fala comprida, muita conversa.
Desembaraço sem mais o quê!

Casado novo em Salvador
Veio tentar vida melhor
Igual ao primo, o Belchior.
Que ficou rico! Com vida boa
Tinha barraco, viola e som.
A Rosalinda... Coitada dela!
Mão calejada. Sorriso falho
Rosto manchado de muito sol
Apenas vinha, sem dizer nada
Acompanhava o seu amor!

Quando chegaram de caminhão
Bem lá pertinho da estação
Olharam tudo em volta deles:
Os prédios altos, a multidão.
Logo notaram que aqui na vida
Não era fácil ganhar o pão!
Mas o Raimundo não desistiu
Arrumou tijolo, fez bangalô.
E com ajuda de Rosalinda
Abriu banquinha de camelô!

Vendeu de tudo, raiz de planta
Óculos escuros... Cd e flor
E no passar de poucos meses
Comprou o barraco de Belchior
Daquele primo que ele invejou
Tirou retrato da Rosalinda
Mandou com carta pra Salvador.
Assim viveu por sete anos
Um belo dia, sei lá porquê.
Da Rosalinda se separou!

Passou-se achar o maioral
Virou Raimundo de coisa e tal
Pintou cabelo. Raspou bigode
Arrumou graça com Margarida
Uma menina meio crescida
Sem mais nem menos se ajuntou
Pensando ser um coisa e tal
Por pouco tempo não agüentou!
Tomou um pé da tal menina
Que foi embora pra Salvador!

Raimundo então... desesperado
Escreveu carta pra Rosalinda
Pediu perdão da safadeza
Mas que tristeza! Não teve jeito!
A Rosalinda não quis mais ele
Com o Zé Coveiro então casou
Um homem bom de metro e meio
Não era feio, nem muito velho.
Não era rico, nem era pobre
Mas todo dia fazia amor!

Assim a vida foi se passando
Raimundo só... Sem ter amor
Ficou mais duro que rapadura
Andou bebendo e se estragou
Até a conversa que ele tinha
Virou balela de falador...
Ficou magrinho, perdeu o brio.
Ficou mais fino que assobio
Arrumou emprego com Zé Coveiro
Que a Rosalinda lhe arrumou!

Hoje Raimundo não sonha mais
Não tem mais jeito de camelô
Se conformou com o “desidério”
De guardar ossos no cemitério!
E Zé Coveiro ficou mais rico
A Rosalinda ficou mais bela
Unha pintada, seio redondo.
Cintura fina e pó de arroz
E o Raimundo, pobre coitado.
Virou deboche em Salvador!

Raimundo Silva quase pirou!
Tentou voltar pra Rosalinda
Mas era tarde, não dava mais.
E ele de vez... se arruinou!
Um belo dia no cemitério
Numa cova rasa, cheia de flor.
Viu Rosalinda e o Zé Coveiro
Em sua frente... Fazendo amor
Pobre Raimundo! Não agüentou
Naquela tarde se suicidou!

***
GUIDO CARLOS PIVA
sampa, 24 de Janeiro de 2002

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