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cronicas-->CARNAVAIS -- 22/02/2004 - 16:51 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Carnaval segundo os entendidos vem dos tempos remotos e, era uma festa pagã. Deve ser pecaminosa mesmo, pois nunca vi padres e nem freiras pulando o carnaval. Nem mesmo soube de alguma escola de samba formada em sacristias ou nos salões de festas das paróquias da cidade.

Nostálgico falarei um pouco dos carnavais que conheci.

Estou ficando velho, ranzinza e talvez desatualizado. Mas, as folias carnavalescas de rua dos anos quarenta; aquelas nas quais meus pais me levavam; deixaram saudade! íamos ver o corso no seu trajeto de ida e volta pela Avenida Nove de Julho, em São Paulo.

Nasci no Bixiga bairro tradicional da Escola de Samba Vai-Vai; que naquele tempo era o Cordão do Vai-Vai. Quantas vezes segui o cordão com sua batucada pelas ruas do bairro.

A Nove de Julho atravessa o Bixiga lá Saracura.

Ficávamos horas e horas vendo aquele cortejo de carros com seus ocupantes fantasiados travando com o povo que lotava as calçadas às famosas batalhas de confetes e serpentinas. Lança-perfume era o que não faltava; pois não era proibido. Quase todos que ocupavam as ruas estavam fantasiados também.

Cada carnaval era homenageado por modinhas carnavalescas as quais até hoje são sucessos.

No sábado de carnaval, desfilava pelas ruas do bairro, um bloco de carnavalescos amontoados em cima de um velho caminhão caindo aos pedaços. Pintados e vestidos de mulheres iam fazendo a maior algazarra! Lembro bem, em uma dessas andanças colocaram uma velha cama no "sai da frente", apelido dado ao veículo. Deitados estavam dois homens; um deles estava fantasiado de mulher vestida de noiva. Iam representando um casal em núpcias causando as maiores gargalhadas no povo que acompanha o cortejo. Em baixo da cama colocaram um enorme penico cheio de água. Conforme o caminhão sacolejava pelas ruas, o líquido ia caindo, dando maior brilho àquela cena tão divertida.

Era como diz à música que não tem nada haver com o carnaval, - "ninguém matava ninguém morria".

Os metidos à malandragem aspergiam lança perfumes nos lenços e cheiravam. Maconha sabia-se que existia; mas a tal de cocaína nem no dicionário se encontrava.

O baile mais famoso era do Arakan Club.

O tal baile era feito nos salões de festa do Aeroporto de Congonhas, e a frequência era a mais distinta possível.

Lá iam as caridosas mulheres da noite. Porque não dizer: do dia também? Deixavam de fazer suas caridades nas ruas, bordeis e boates vendendo prazer aos ávidos por sexo, pois transar com as namoradas ou noivas, naquela época, além de ser pecado mortal - dava cadeia! E, iam quase peladas (que horror!) só de biquínis pularem as quatro noites; para depois da terça-feira gorda, na quarta de cinzas receberem as cinzas dos cigarros que os clientes iam fumar.

É de bom alvitre lembrar o passado; pois essas "damas de caridade" invadiram as ruas, boates e prédios das cidades, graças ao bondoso presidente Dutra. Um belo dia o ex Ministro da Guerra de Getúlio, (naquele tempo tinha ministro da guerra, hoje nem da paz nós temos), acordou com uma forte enxaqueca e acabou com todos os jogos de azar, tirando a sorte de muitos e fechou as zonas de meretrício. O Dutra, não o Olívio do PT aquele de bigode a lá "Stalin", deve estar curtindo suas bravuras nos quintos do inferno.

Os afeminados, ou veladamente homossexuais como eram chamados os boiolas da época, não rebolavam; andavam de chapéu, terno e gravata. Não davam escàndalos como os gays de hoje. Mas todos sabiam que eram "veados"!

O tempo foi passando e o bicho foi pegando principalmente com a vinda da televisão.

Com as càmeras mostrando tudo; não é mais necessário esperar as revistas que traziam as fotos escandalosas das mundanas, hoje chamadas carinhosamente de meninas de programa.

Tais revistas eram esperadas por milhares de homens, na semana após o carnaval. As mulheres não podiam nem sonhar que poderia ter uma revista daquelas em casa.

Os que compravam a esperada revista, não liam, apenas olhavam e babavam sobre as fotos, perto da banca do jornaleiro ou sentados com amigos nas mesas dos bares, tomando aquelas cervejas geladas, que não precisavam de publicidade, para serem engolidas.

Hoje, ah! Hoje!

A coisa se liberou. Democracia, direitos humanos, cidadania, patifarias e outras manias, trouxeram a nudez explicita tanto de homens como das mulheres que desfilam no asfalto, como dizem os carnavalescos, para dentro de nossas casas. São horas e horas esquentando os tubos dos aparelhos de tvs, com as arcaicas mesmices!

Carnaval acabou!

Ano após ano são sempre as mesmas repetições enjoativas.

As mesmas nádegas, os mesmos seios e os mesmos rebolados.

A batida da bateria acompanhada pelo refrão dos puxadores de samba com aquelas violinhas nas mãos são sempre os mesmos.

Os temas dos sambas enredos são criminosamente repetitivos.

O desfile monumental das repetições continua.

A mesmas alas de frente, acompanhadas das mesmas porta-bandeiras; seguidas dos mesmos mestres-salas; depois vêm as mesmas alas das baianas, etc... etc... etc.

Sem falar nos mesmos carros alegóricos. Sempre decorados com os mesmos bichos e aves abrindo e fechando a boca ou o bico. Alguns abanando os rabos, batendo as asas e balançando as cabeças. Sempre as mesmas encenações.

Lá em cima dos carros, vão sempre as mesmas celebridades. Tem umas que devido ao vírus da repetência - desfilam em duas ou três escolas de samba no mesmo dia.

Haja estrutura testicular e sacal, para ver sempre a mesma baboseira.

Isso só é bom para os turistas estrangeiros que ficam horas e mais horas nas longas filas para entrarem no Brasil varonil tirando fotos com gestos poucos recomendáveis. Depois vão para as passarelas filmarem e fotografarem algumas cenas; para nunca mais voltarem!

E nós aqui, todos os meses de fevereiro temos que aguentar a - "globeleza"


Roberto Stavale
Direitos Autorais Reservados®
Livro de cronicas.
Fevereiro/2004.-
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