Usina de Letras
Usina de Letras
153 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62228 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22536)

Discursos (3238)

Ensaios - (10364)

Erótico (13569)

Frases (50621)

Humor (20031)

Infantil (5433)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140803)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Inteligência artificial -- 22/09/2002 - 12:17 (Jayme de Oliveira Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(publicado em Anedota Búlgara)




Aproveitando o clima hostil de alguns dos últimos textos publicados aqui na Anedota, antecipo certas observações que pretendia fazer – apenas mais adiante – acerca da inteligência humana e suas seqüelas. Ainda estou pesquisando o material para compor meu pensamento, e por isso não gostaria de me enveredar nessa seara agora, entretanto, meu senso de oportunidade impõe essa manifestação precipitada, à qual estabeleço como pano de fundo a literatura.



Compensando o meu desconhecimento, cito uma frase muito própria de um autor ilustre, sobre o qual, entretanto, não me atrevo a emitir opinião: Pablo Neruda.



"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as idéias."



Expressões simples como essas me fazem pensar a respeito da empáfia com que tratamos o nosso próprio conhecimento. É como se nos imaginássemos deuses. Como se inteligência, conhecimento e capacidade fossem conceitos siameses, e representassem, necessariamente, erudição. Ora, quantas linhas e termos rebuscados usaríamos na tentativa vã de dizer aquela mesma coisa? E quantos vocábulos hostis reservaríamos aos que discordassem da nossa conclusão sublime?



Não estou tratando, naturalmente, do conteúdo da frase em si, mas de sua simplicidade. É surpreendente. Diria até mais: é surpreendentemente burra. E por isso a acho tão perfeita. Sem nenhum enredamento, o autor consegue ser profundo e encantador. Não há como deixar de me sentir inebriado pela natureza poética dessa idéia estúpida. E é justamente aí que reside a minha inquietação.



Aqui de onde escrevo, ao pé da serra dos índios mongoiós em Vitória da Conquista, tenho a oportunidade de conviver com um tipo de inteligência à qual não estive muito exposto enquanto morava em nossa gloriosa capital Salvador. Sem o cunho das cátedras e sem a pretensão comum aos intelectualizados, vive uma gente – que mesmo aqui é rara – dotada de uma invejável capacidade de observação e síntese. São sertanejos de pés e mãos rachados, olhos miúdos, vivos, alegres e incrivelmente humildes. Pessoas cujo olhar atravessa o horizonte para enxergar o que está além. Sem esforço. Sem compromisso ou pressa.



Contemplando a sabedoria das palavras simples, ditas tão despretensiosamente por esses caboclos incultos, me deparo com o inevitável desejo de compara-las às que leio e ouço de tantos indivíduos que esbanjam cultura e soberba. Aí sinto que é impossível não invejar a alvura da estupidez.



Está posto o paradoxo. Quanto mais sábios mais ignorantes e quanto mais ignorantes mais sábios.



Seja lá como for, essa é uma questão que me inquieta e para a qual ainda não tenho sequer um indício de resposta. Sinceramente, acho até que nunca terei. Portanto, por enquanto, vou concordando com outro ilustre: Von Goethe.



"Pensar é mais interessante que saber."
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui