Usina de Letras
Usina de Letras
167 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62210 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140795)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Filosofia -- 11/10/2005 - 00:41 (joao x.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Filosofia
À Elaine Nascimento e à professora Aline Reis


-Não entendo bem, senhores! Desconheço a crença, mas até quem não acredita tem confiança em forçar aquilo que não existe. Mas eu conheço o pecado. E sei que tenho o pecado. Amor é dor e dor é alívio quando o amor morre... Não, não volto para eu, e com o pecado. Meu pecado é uma informação leve de início que vem caminhando no corpo e toca pesado e frio nos mamilos da alma até que fiquem eriçados e duros, exigentes como a violência humana. O homem é a arma de destruição do mundo. Se Deus existiu e realmente fez o homem, foi Ele que criou e nomeou o pecado quando gritou, em hálito de trovão, a palavra “HOMEM”. E como se produz no homem o pecado? É complexo, de sentir e pensar, porém simples de se dizer: a nossa própria arte humana é que nos conduz ao desejo e a morte. E a mulher torna-se culpada de extrair para fora das calças o sexo vibrante do macho.
Mas a verdade é que homem e mulher são animais humanos. Os dois são o pecado. Cada qual deixa o seu prazer correr livre e rápido e tentam se libertar do ato sexual aprisionando-se à própria liberdade de “querer”, santo de pedra e sujo de barro, o “quereres” de todos os dias que é gemer de vitória e padecer sob a potência esmagadora da felicidade. Contudo e tantos e tantos que já nem sei mais quantos são, todo esse sinal de segurança e alívio é precário, pois o inesperado nunca é uma massa uniforme e classificável; ele possui vários pontos em acordos desapropriados. Ele pode nos mandar as cartas enigmáticas mais tranqüilas ou assustadoras possíveis.
E doer é bom. Pois a dor é a nossa eficácia de viver. A partir desse ponto eu costumo pensar, vou acabar com meus desagrados. Eu devia ser louco, mas sou covarde demais para isso. Eu nunca me admito. Às vezes, tenho êxito de fugir de tudo e de todos, mas não consigo escapar de minha pessoa, previsível e tão calculável... Eu perdi, eu sempre perco, o tempo todo...
-O quê senhor? O que o senhor perde? Prossiga! E não tenha medo. Pensar é um direito, mesmo que se faça com ou sem pecado. Deves ser um homem gritante como todos nós.
-Fico feliz, minha cara amiga. Tenho orgulho sincero e misterioso por tê-la conosco. És uma mulher de audácias e tens o fio da faca nas palavras que saem da tua boca. Tens a alma encorajadora e a partir desse instante, eu vou dedicar o meu sangue como testamento úmido de minha vida e para você guardar num jarro de vidro e despejar sobre teus cabelos para que a velhice seja um estado, em queda e decadência biológica, e a senhorita possa conservar minhas idéias suicidas e reprogramá-las... Mas não admito esquecer-me de sua resposta. O que eu perco sim, são minhas próprias palavras e não são os ruídos da terra que distanciam meus calos sociais à individualidade dos vossos espíritos.
E que se houver algo e pecado, que este primeiro se torne alguém e que cometa o ato. Mas que não peque contra mim. Que peque comigo. Ao sim, o não será muito menos e que saiba tropeçar meu corpo e que minha vaidade caía em contas e gotas, sem um abandono sequer. Mesmo eu sendo ímpar, estou disposto a ser par. E que a grande tempestade seja ódio. Mas que ambos se odeiem, como vícios de uma mesma hora, e que a dor de um seja o equilíbrio de outro. E que cada aflição some-se à outra, mas que não seja alheia. E seja íntima! Assim se encerra o antigo decreto do amor.
Toda desigualdade ferida seja sofrida com a mesma intensidade... E agora como enlouqueci ao imaginar possíveis casamentos entre moscas e lagartos e como convivem machos e fêmeas de diferentes espécies? Não conheço... E ainda quero respeito, mas não sei a qual meta-poema devo mendigá-lo! Exaustou-me vou exausto!


E também tenho a certeza de um futuro que se vai muito longe nas perdas das memórias e não retorna mais, porque não há um passado suficiente que possa cobrir os danos de uma certeza que é incerta e nunca ocorrerá para a minha ignorante felicidade. Mesmo tendo eu a coragem de acreditar em uma certeza e não sei se irá acontecer. Tenho certeza de que existe a certeza, mas não sei se essa certeza existirá para o futuro. O futuro é imprevisível, mas a certeza não. A certeza é mais que duvidosa. Você acaba confiando nela por uns instantes, mas não a conhece e nem sabe se a verá ressurgir novamente no despertar do passado. É algo desconhecido. E estou incerto da minha própria incerteza de não ter certeza. E agora tenho só a certeza de que não estou inteiramente certo do que dizer.

João Ximenes Neto



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui