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Contos-->PAPAI NOEL VICIADO -- 23/10/2005 - 12:40 (FLAVIO DIAS SEMIM) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O homem não fumava, não bebia, não usava drogas, apenas tinha um vício incontrolável, o de se transformar em papai noel e distribuir brinquedos aos pobres, todos os anos, na época do natal.

Era ele um pequeno empresário, em dificuldades financeiras como tantos outros que existem neste mundo real, mas tinha uma mania, um verdadeiro vício, esse de todo natal dar as crianças pobres de sua vila, uma infinidade de pequenos brinquedos e utilidades, que faziam a alegria da comunidade. Para isso trabalhava em todos os meses do ano, e assim que passavam as festividades natalinas se punha a campo pensando no próximo natal e na vinda do papai noel, da mesma forma que fazem as escolas de sambas, após o desfile de cada carnaval, já projetando e organizando o desfile do ano seguinte.

Tudo que podia poupar fazia transformar em brinquedos simples, como uma boneca, um carrinho de plástico, uma bola de futebol e a cada dia, a cada semana armazenava o que conseguia, para ser distribuído no próximo natal.

Seus amigos, sempre procurados, pediam tempo, pois ainda era cedo para tais providencias em março e as más línguas diziam que na verdade o que ele pretendia era, um dia, se candidatar a vereador, deputado ou sabe lá o que. Mas o homem sabia que apenas queria alegrar e propiciar momentos de felicidade aos pequenos, na festa máxima do cristianismo, nada mais.

Com isso seus negócios ficavam prejudicados, sua pequena fábrica se arrastava em dívidas e os impostos quase nunca eram pagos, o que resultava em estar sempre às voltas com oficiais de justiça intimando-o do próximo leilão de alguma de suas máquinas. Corria, pagava algum, depositava o valor de outros ou mesmo sustava aquele de maior importância, verdadeiras ginásticas judiciais executadas pelo advogado que o assistia.

Sua preocupação, porém, se limitava durante o ano todo ao dia presente e ao dia do natal futuro, para desespero de todos os que participavam de sua vida.

Aquele domingo anterior ao natal de cada ano se aproximava e a festa estava preparada, os brinquedos, balas e doces acondicionados em sacolas enfeitadas, sem faltar em cada uma deles um par de chinelos de tira para prender entre os dedos, produtos de sua fabricação. A grande árvore de natal, toda enfeitada, na rua em frente a sua casa estava pronta, fazendo brilhar os olhos das crianças e o agradecimento de todos as mães pobres da região, que o veneravam como um santo.

Vestido com as largas roupas vermelhas, botas, gorro, barba branca e tudo o mais que caracteriza o noel, momento em que dando seus últimos retoques na aparência, foi chamado ao portão com urgência, pois se encontrava ali alguém a sua procura. Rapidamente foi à porta, pensando ser algum doador retardatário que vinha trazer mais donativos, cumprimentou alegremente o moço e logo reconheceu aquele que durante o ano já o tinha visitado por algumas vezes.

Sinto muito, disse o oficial de justiça, mas tenho aqui um mandado de prisão para o senhor, por ser depositário infiel. Esse mandado se refere a uma de suas máquinas que foram leiloadas e arrematadas num processo de execução fiscal e não foi encontrada.

O homem, quase desfalecendo, argumentou que aquele dia era um domingo, portando não poderia ser preso, recebendo em resposta do educado meirinho que, por despacho judicial o ato deveria ser executado em qualquer hora do dia ou da noite, sem distinção de data, onde fosse encontrado o condenado, o meliante.

Escoltado em direção à delegacia de polícia, o papai noel vestido a caracter, seguia triste, com lágrimas descendo em seu rosto, até ser trancado em uma cela imunda da repartição policial. Reanimado, porém, até consolado pois havia mesmo vendido a maldita máquina, foi dali que comandou a maior festa natalina que os seus pobres já tiveram. Passou a dar ordens a distância, semelhante como fazem os técnicos de futebol quando, expulsos do campo, dão de longe suas orientações, atitudes essas que eram transformadas em explosões de alegria e os aplausos dos outros presos, que contavam com a benevolência dos policiais de plantão.

“Foi uma festa de arromba!”, exultava o homem um mês depois, quando foi solto e prometendo: “a do próximo natal vai ser melhor ainda!”

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