DE PENSAR MORREU UM BURRO
Como acaba
a inspiração rompante?
Se vai num instante.
E de pensar, morreu um burro
Diz o ditado popular
Talvez, então,
estou prestes a morrer.
Penso e penso
num poema pretenso
Mas o que sai?
Somente o desabafo
de quem aperta o laço
para as palavras brotarem.
Se a inspiração poética
Fosse tão milimétrica
rotineira
como a inspiração do ar,
seria mais fácil poetar.
E assim,
juntando letras
como formigas pretas no fundo branco,
deságuo em você meu pranto
de ter acabado a inspiração
não do ar,
mas do poema e sua perfeição.
Deborah Douglas (Alma Collins) |