Alma Degenerada
Outrora homérico vate laureado
hoje, ataúde de vermes vorazes,
tenta extenuado ver o que não pode,
preso num repugnante corpo orgânico.
Na víscera superior, neuros explodem em
descargas elétricas e aleatórias, enquanto
estranhas células viajam alucinadas por
um labirinto sem começo e sem fim.
Carcomido pelas próprias entranhas, e
alvo da facécia de seres vacantes,
o fétido zumbi – nessa carcaça danosa –
perambula errante, até o dia do juízo.
A alma, assim presa no tecido putrefato,
Cria amaldiçoada do primeiro par,
pena por pecados não cometidos
cumprindo a promessa que não prometeu.
AndersonAguilar
280504
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