Olha a menininha caída no chão. Será que era tão desastrada assim, quando criança? Acha que não! Sempre fora tão esperta... Olha mais uma vez para o relógio. Tenta acompanhar ponteiros que não existem. Por mais que tente, não consegue se acostumar à chatice do relógio digital: tão estático; repetitivo. Passa longe do tic tac dos antigos, ou mesmo, a mobilidade dos ponteiros.
Mais uma vez, está olhando o tedioso relógio. Sente raiva. Não, não é do relógio. É dela ou dela mesma. O movimento todo a sua volta não traz qualquer conforto, nem aqueles rostos podem fazer com que esboce um sorriso. Pra quê?
Números que somem, outros aparecem no lugar... E quem deveria aparecer não vem. Milhares de coisas lhe ocorrem agora. Milhares de vontades e desvontades. Saídas, correria.. e nada! Dá mais uma olhada ao seu redor. A única estagnada no meio da explosão de movimentos. Então se mexe, vai embora, o peito ainda imóvel. Talvez, da próxima vez, marque um encontro, ao invés, de apenas esperar que apareça sem nunca aparecer...
Atravessa a rua alagada - chuva? não! lágrimas - e , finalmente vê o rosto conhecido... ao lado de alguém que nunca vira antes. Olha pro relógio: hora de descansar.
...O ruído, dos freios de um ônibus, nunca pareceu tão tranqüilizante.
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