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Contos-->COMO MATAR A MÃE COM CONTA GOTAS -- 18/11/2005 - 00:54 (Isaura L.P.Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É preciso que a mãe tenha tido isquemia ou um pequeno derrame. Com o tempo o comportamento dela vai mudar. E aos poucos, a paciência, por parte de quem a cuida vai se esgotando.
Como fica difícil os cuidados com a mãe 24 horas por dia, a solução é contratar enfermeiros. Muito bom pra quem tem condições, pois se não tiver, não vai ser de serventia ler o resto. É bom, portanto, ter sempre alguém na família que tenha mais posses.
Se a senhorinha foi, a vida inteira, um pouco orgulhosa, tímida e não admite alguém deficiente físico ou doente, e se envergonhou muitíssimo quando o marido passou a usar sonda para urinar quando teve problemas na próstata, ao se ver obrigada a tirar a roupa para que enfermeiros, pessoas desconhecidas, lhe dessem banho, pode virar uma fera. Ataca com unhas e dentes tornando-se mais agressiva do que já é.
Essa agressividade pode fazer com que fique irritada, sem sossêgo, aflita, o que pode tornar mais difícil ainda os cuidados, a higiene e a alimentação.
O médico clínico geral que a cuida não pode ser geriatra, e sem o devido conhecimento receita consultando um “dicionário” de remédios, e é assim que a matança a conta-gotas vai acontecer.
O clínico, experto em geriatria, finalmente encontra no seu “dicionário” um remedinho que deve servir para o caso.
É receitado, portanto, um remédio, o mesmo Haldol citado no filme “Os 12 macacos”, para demência, delírios e alucinações na esquizofrenia aguda e crônica, que controla a agitação e agressividade devido a outras perturbações mentais, para ser dado em gotas: 5 de manhã e 10 à noite, que a deixará prostrada, sem apetite, dormindo noite e dia, sem comer, emagrecendo e definhando, cansada, nem água ela vai querer tomar. A agressividade acaba e a mãe vai morrendo aos poucos às custas do bendito remedinho dado em conta-gotas.
Finalmente ela morre, magrinha, um esqueleto ainda vivo, sem respiração, gemendo, uma morte sofrida, doída para quem a vê, com a filha, passando a mão com carinho na sua cabeça, pedindo: “está na hora de ir embora, já pagou todos os pecados, não tem mais nada para pagar aqui, vai descansar, vai encontrar o pai, vai...”
E ela,finalmente descansa, e vai embora...

ILPN/27/09/05

Obs.: Este conto não é ficção.
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