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Cronicas-->Resposta ao Tempo -- 03/04/2004 - 22:23 (José Ricardo da Hora Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O relógio nina as horas que passam tristes e vaporosas no salão. É noite lá fora. O Tempo acompanha-me na solidão.
Ele pensa que não irei suportar partida dela em minha vida. Sei que ela foi importante para mim e que não mais alguém irá morar naquela casinha de madeira que construiu no meu coração. Várias lembranças vagam como fantasmas: Aquele passeio ao pé o farol da Barra; os passeios em Arembepe, Itaparica, Valença e Costa de Sauípe; as fotos no quarto dela; Os beijos nos cinemas (dois são-me os mais importantes: o primeiro que demos e o outro, em um 20 de janeiro distante...). Os poemas que escrevi para minha musa cruzam os corredores atrás dos dias e dos meses em que fomos namorados e amantes, deuses e humanos. Em uma pasta perdida alhures, os e-mails sussurram juras de amor eterno e carinho verdadeiro.
E guardando como sentinela avançada da Bahia de Todos os Santos, está o Tempo. Tempo, Tempo, amigo Tempo que me viu nascer, crescer, amar e perder. Tempo que derrotou impérios e curou outros corações de poetas. Tempo que edificou poetas e sepultou sonhos. Aqui está ele ao meu lado. fitando-me - olhos nos olhos - a procura de uma lágrima furtiva. Seu sorriso maroto ascende a face de quem já viu deuses morrerem. O que ele quer assim?
Ah, amigo Tempo! A dor que tortura-me não tem cura e não tem lágrimas. O amor que aqui passou não foi fogo de adolescente ou vento leviano que se esquece ao primeiro rabo de saia balançando. Nem tem a ilusão de um futuro que me console. Foi o tipo de amor com que se constrói estrelas e se ergue obras-primas no infinito. O amor que aqui passou foi daqueles que o homem carregam no coração como uma quimera imortal (que arde e não se sente) e uma esfinge egípcia (solene e indecifrável). Por ser quimera, ele me consome silenciosamente. E por ser esfinge, não me permite encontrar nas lágrimas a paz que tranquilize.
Sei, amigo Tempo, que você não me entende porque é feito da mesma matéria das estrelas. Foi feito para cuidar de nós, seres humanos, como flores que morrem logo ao alvorecer. Você olha nossas desgraças e alegrias com a mesma indiferença hierática que nós assistimos ao crescimento das plantas e ao vóo das moscas. Tivesse você um coração, saberia o porquê de existirem tantos poetas nos mesas de tabernas e tantos músicos passeando solitários no luar. Talvez você até teria algum poema guardado no bolso. Mas você não tem coração e não tem carne e teus olhos não foram feitos para amar.
Por isso, você ficará aí, esperando uma lágrima que jamais descerá, enquanto eu esperarei um amor que jamais renascerá...
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