Quando encontrei no outro dia
O escultor Zeca entusiasmado
Por ter visto em noite anterior
No céu da cidade um ser alado
Não iria falar sobre tecnologia
E sim curti-lo tão maravilhado.
Bom amigo e também escultor
Na reciclagem de massa usada
Aproveitava qualquer material
Que tinha sido na fase passada
Uma coisa para nessa ser outra
Mas que venha a ser admirada.
Falar de gênio e de genialidade
É falar de gente transformadora
Zeca e a tábua e pregos usados
Eram as imagens arrebatadoras
Como as que bem se utilizavam
O homem e a máquina voadora.
Em 2001 causou muito impacto
A figura dum americano voador
Pelos céus num foguete portátil
Em Duque de Caxias foi o furor
Repetido na Sapucaí no carnaval
Que ao mundo foi um esplendor.
Foi no enredo O Profeta do Fogo
Cujo homenageado foi Gentileza
Nascido poeta após um incêndio
Que no circo alegria por tristeza
Foi uma troca que o destino fez
Sem cerimônia e muita torpeza.
Por este ano era na Grande Rio
A famosa agremiação de Caxias
Que grande mestre carnavalesco
Alquimista de imagens/fantasias
Levou seus sonhos e imaginação
Para iluminar o reino de alegrias.
Porque neste país e na cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro
Que colonizado por portugueses
Ela foi capital dum reino inteiro
Com um rei mais toda sua corte
Fazendo um solo real verdadeiro.
Daí passa a ser comum por aqui
Um título de nobreza ao melhor
Desde um do Rei da Juventude
Do futebol, do feijão e do forró
Rei da voz, rei da malandragem
E até tem o tal rei do borogodó.
A partir do Rio irradiou no país
Toda essa cultura que a nobreza
É que norteia essas excelências
Que no individuo é sua destreza
Mental, intuitiva, manual, física
Que estabelecem a sua riqueza.
Devemos aqui deixar bem claro
Que falamos da riqueza cultural
Que os nobres reais pelo mundo
Ou nascem ricos como é natural
Como é raro vê-los com paetês
Na avenida pulando no carnaval.
Nosso Joãosinho Trinta foi rei
Do reinado de fantasias vividas
Que sonho e realidade untados
Por isopor e madeiras coloridas
Cetim, crepon, adereços e tudo
Que possa vir a ser arte na vida.
Do sonho sonhado pelas coroas
Que no Maranhão foi a francesa
E no Rio, estado que ele adotou
Foi como sabemos a portuguesa
Formam a base de sua fidalguia
E lastro cultural com a nobreza.
Nascido e criado com a riqueza
Que cortes europeias induziam
No grande mestre carnavalesco
Ele e sua imaginação brilhariam
Entre versos, cores e tamborins
Que os seus sonhos cintilariam.
Depois de muitos campeonatos
João entra para a nossa história
Como dos grandes inovadores
Que moldaram suas trajetórias
Por uma ousadia e criatividade
Que lhes deram fama e glórias.
E finalmente a festa das carnes
Passa a mostrar a real vocação
Pela qual um dia ela foi criada
Como festa para o reino pagão
E que em poucos dias se vivia
Muita alegria, luxúria e ilusão.
Como a que se via na avenida
Em cima dos carros alegóricos
Nas mulheres que desnudadas
Evoluíam em temas históricos
Quando a nudez seria apenas
Um dos pretextos folclóricos.
A malha da cor da pele iludia
Em corpos de formas sensuais
Os olhos e até castos sentidos
Do mais religioso dos mortais
Que mesmo inadvertidamente
As espiassem nesses carnavais.
O mago da folia ganhou títulos
A reverência e até o estandarte
Pelo reconhecimento de sábios
Que o consagraram em sua arte
E a mídia dourou a sua imagem
Prá deixar o legado de sua parte.
E por ter sido um predestinado
O pequeno João foi um gigante
E nas escolas em que trabalhou
Deixou una marca já cintilante
E marca de quem nasceu cristal
Só poderia ser a mais brilhante.
Depois de marcar sua presença
Na sempre admirável salgueiro
Onde começou e na Beija-Flor
Que dourou troféus do viveiro
Foi na Viradouro e Grande Rio
As duas últimas de seu celeiro.
E nas quatro escolas de samba
Ele liderara os grandes artistas
Que ajudaram fazer os desfiles
Mais exuberantes pelas pistas
Produzindo inovações no luxo
Que foram de encher as vistas.
Um grêmio recreativo famoso
Unindo-se com uma academia
Foi a transformação da cidade
Que desfilou com a galhardia
Das escolas do grupo especial
Honrado e orgulhando Caxias.
Guando o homem subiu ao céu
As Unidos e Capricho subiram
Era Vila São Luís e Centenário
E com a Cartolinhas se uniram
Para perfilarem ao Lambe Copo
E como Grande Rio emergiram.
E essa união só produziu samba
Grandes enredos e muita vitória
Como desfiles mais apoteóticos
Tingindo os carnavais de glórias
Como a parceria com Joãosinho
Uma brilhante página da história.
FIM
A ORIGEM - Breve relato
Nos anos 50, a cidade de Duque de Caxias teve uma participação efetiva no carnaval carioca, com a escola de samba Cartolinhas de Caxias, respeitada pelo mundo do samba. O último desfile da Cartolinhas foi em 1971, quando com o intuito de fundar uma grande agremiação que representasse dignamente o município, os dirigentes das escolas União do Centenário, Cartolinhas de Caxias, Capricho do Centenário e Unidos da Vila São Luís unem-se e de sua fusão é fundada a GRES Grande Rio em 10 de maio de 1971.
Em 1988, um grupo de sambistas reuniu-se para criar uma nova
agremiação. Para filiar-se à AESCRJ, à época, era preciso que a agremiação já fosse um bloco carnavalesco.Por isso, a nova escola utilizou a estrutura jurídica do bloco de enredo Unidos do Lambe Copo, situado na Prainha, em Caxias, e que havia competido pela Federação dos Blocos. Milton Abreu do Nascimento, conhecido como Milton Perácio, foi eleito o primeiro presidente, e decidiu convidar Antonio Jayder Soares da Silva para ser o presidente de honra e o então deputado Messias Soares para ser o patrono. A Acadêmicos de Duque de Caxias foi oficialmente fundada em 22 de março de 1988. Em 22 de setembro do mesmo em reuniões entre os membros das duas diretorias, a Acadêmicos de Caxias e a Grande Rio se fundiram, dando origem à atual Acadêmicos do Grande Rio.Na sua estreia, em 1989, a escola já subiu de grupo, com o enredo "O mito sagrado de ifé" passando para o Grupo de Acesso A.
Saiba bem mais : www.academicosdogranderio.com.br
