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Artigos-->Lewis Mumford - Arte & Técnica -- 29/09/2002 - 03:12 (Maria José Limeira Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LEWIS MUMFORD:

ARTE, TÉCNICA, MÁQUINAS, HOMENS SEM ESPERANÇA

Maria José Limeira



Estamos em decadência.

Mergulhados no caos de uma civilização que se perdeu pelo caminho.

Vivemos o Homem-Autômato, obediente às leis do mercado.

Cultuamos o ódio, que se expressa em guerras.

Com armas espetaculares, matamos populações indefesas e criancinhas.

Queremos quantidade, e não qualidade.

Somos escravos da máquina e adoradores do consumismo.

Nosso Deus é o dinheiro.

Nosso futuro é o suicídio.

Que saída nos resta?

A saída é a Poesia.

Quem nos diz como encontrá-la é Lewis Mumford, urbanista nova-iorquino, arquiteto, poeta e filósofo, crítico ferrenho da Tecnologia como ditadura, e defensor da tese de que devemos voltar à simplicidade, para nos reencontrarmos como seres humanos.

Em seu livro “Arte & Técnica”, Mumford explica como a Humanidade passou da Idade da Pedra para o Século XX, com os seres humanos transformados em máquinas, caminhando para a solução do suicídio em massa, se não se conscientizarem da sua condição de rebanho e tomarem providências.

A Arte é a saída.

Nascido em 1895 e falecido em 1990, o autor viveu o suficiente para ver duas guerras mundiais. Conviveu com visionários e falsos profetas. Foi testemunha da passagem do artesão para o industrial e tecnocrata. Em suas inúmeras viagens pelo mundo civilizado, cavou terras, desenterrou raízes e colheu destroços. Chegou à conclusão de que estamos vivendo a barbárie, e de que a caverna, com todas as dificuldades que afligiam o homem primitivo, seria, hoje, o meio mais seguro de cultivar o silêncio, a meditação e a arte, ouvindo a solidão cósmica, para alcançar a felicidade.

Restaurar o Homem como centro do universo e deslocar a máquina para sua condição passiva – eis o caminho, segundo Mumford.

Para explicar sua posição em relação ao homem atual, lança mão das obras de Blake, de todos os surrealistas e dos pacifistas (inclusive Ghandi), que tinham a capacidade de ouvir o Ser e o Nada. E por isso foram admiráveis em seus testemunhos e em sua atuação para mudar o mundo.

O que diferencia o homem do animal não é a racionalidade. É a Arte. É o poder de manipular símbolos, que falta aos animais.

O que havia de nobre na Técnica é, hoje, uma maldição, que degrada a pessoa humana, transformada em ser anestesiado diante do aparelho de televisão, sem condição de pensar por si mesma, ou de criar algo.

Quando o homem deixa de criar, deixa de viver. – diz Mumford.

Seu livro “Arte & Técnica” não é um tratado teórico.

Trata-se de volume que reúne conferências proferidas pelo autor, em várias cidades dos Estados Unidos, alertando os jovens para os perigos do mundo que vivemos, sem nos darmos conta de que viramos robôs. Por isso a obra tem linguagem acessível e rápida comunicação.

Ele pronunciou essas palestras nos anos 50, do Século passado, sem precisar ver o advento do Século XXI.

Eis o resumo do pensamento deste autor:

Restaurar o equilíbrio e a integridade do homem moderno é dar-lhe a capacidade de comandar as máquinas que criou, em vez de se tornar o seu cúmplice impotente e vítima passiva.

Antes de ser um fazedor de instrumentos, o homem fabricou linguagem, foi sonhador e artista.

De um lado, temos armas de extermínio. Do outro, a depravação moral que nos leva a usar estes instrumentos de guerra contra populações indefesas.

O que nos interessa não é conquistar exércitos inimigos. É matar crianças.

Não sendo a obra a visão apocalíptica de nosso futuro próximo, o autor ensaia, no final, sua mensagem de esperança:

“O fardo da renovação pesa sobre nós; por isso nos cabe compreender as forças que trabalham para a renovação dentro das nossas pessoas e da nossa cultura, e encorajar os planos e ideais que nos impelem a uma ação com sentido. Se acordarmos para o nosso estado real, na plena posse dos nossos sentidos, em vez de permanecermos drogados, adormecidos, covardemente passivos, como estamos agora, reconstituiremos a nossa vida de acordo com um novo padrão, auxiliados por todos os recursos que a Arte e a Técnica colocam hoje nas nossas mãos. Nesse ponto decisivo, estaremos provavelmente a lançar os alicerces para um mundo unido, porque nosso objetivo será juntar não só as tribos, nacionalidades e povos atualmente hostis, como também os impulsos igualmente conflituosos na alma humana. Se isso acontecer, os nossos sonhos voltarão a tornar-se benignos e abertos à disciplina racional; as nossas máquinas, por mais altamente organizadas que sejam, serão receptivas às exigências da vida”.

Esta é a mensagem para ser ouvida pelas pessoas de sensibilidade e, sobretudo, Poetas.

(Fonte: Mumford, Lewis. “Arte & Técnica”. Tradução: Fátima Godinho. Editora Martins Fontes, São Paulo, 1986. 145 págs. Direitos de tradução para a Língua Portuguesa: Edições 70, Lda., Lisboa, Portugal, 1952).

Maria José Limeira é escritora e doce jornalista democrática de João Pessoa-PB.







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