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Artigos-->A escola incompetente -- 29/09/2002 - 11:58 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Os programas humorísticos do rádio e da televisão - do tipo do extinto “Escolinha do Professor Raimundo” - costumam sobrecarregar o imaginário do povo com uma idéia simplista e equivocada do que é (ou deve ser) a escola. Apesar do talento da maioria dos artistas/alunos, que cumprem sua função de divertir o telespectador, é necessária uma reflexão sobre o tipo de escola aí representada. Essa “escolinha”, em si, é incompetente pois aparentemente nada ensina a seus alunos. Além disso, transmite aos espectadores uma imagem distorcida do ensino, onde impera o autoritarismo, o enciclopedismo e o vazio didático. Para os Professores Raimundos, a aula é um constante processo de avaliação, destinada a colocar a nu a “ignorância” dos alunos, sem espaço para o verdadeiro aprendizado. O aluno não vai à escola para aprender e sim para ser “sabatinado”. Como podemos esperar que responda corretamente às perguntas do professor, se não os vemos absorver nenhuma espécie de conhecimento?

O professor insiste em manter uma superioridade sobre seus alunos, baseada em conhecimentos inócuos, do tipo “ onde nasceu o escritor Fulano?”, punindo-os pela sua ignorância dessa informação com a indefectível nota zero, brandida como uma cimitarra a torto e a direito. Isso reflete a imagem que o senso comum tem da escola: um professor autoritário e sabichão a sacar perguntas contra um bando de ignorantes, incapazes de produzir uma resposta “correta”. Depreende-se daí que o aluno que fornece as respostas pretendidas está apto a enfrentar os problemas do cotidiano, enquanto que os outros, infelizmente, estão fadados ao fracasso. A intenção desse tipo de escola é fabricar o “bom aluno”, excelente memorizador, uma enciclopédia ambulante, pois qualquer pai queria “ter um filho assim”. Se a inteligência é confundida com memorização, a ignorância tem um destino muito pior, pois é confundida com maluquice, histerismo, esquisitice e outras anomalias de personalidade.

Permanece oculto, nesse tipo de aula, o fato de que o aprendizado deve ser um processo de interação entre professor e aluno, em que haja espaço para as indagações e os questionamentos. Aos alunos é negada a competência, pois esta fica restrita ao mestre. Falseiam-se os objetivos do ensino, uma vez que esse não se encontra voltado às necessidades reais dos alunos, nem contribui para formar-lhes a consciência crítica. Absolutiza-se, por outro lado, o papel do aluno “errado”, aquele colega rebelde que todos tivemos no tempo de escola, e que conseguia divertir a todos produzindo respostas absurdas. Na escolinha existe não um, mas uma coleção de alunos “errados”. E nós, telespectadores, não deixamos de nos perguntar o que fazem tais tipos dentro de uma escola. Será a escola a tal ponto inútil, tendo apenas por função “ilustrar” seus alunos, sem nenhum vínculo com a realidade em que vivem e com seus projetos de vida? Que nota lhe dariam nossas pedagogas?

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