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Artigos-->NARRATIVA DA CRIANÇA -- 29/09/2002 - 12:24 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A narrativa – veja anexo abaixo - é uma das primeiras manifestações redacionais da criança. Mais simples do que outros tipos de discurso, o discurso narrativo aparece já nas primeiras demonstrações da fala, quando a criança relata à mãe as peripécias dos irmãos ou seu descobrimento dos pequenos mistérios do cotidiano. Quando a criança fala “nenê comeu o bolo”, manipula dois elementos indispensáveis em qualquer narrativa: quem e quê (isto é, alguém fazendo alguma coisa).

Acompanhar os primeiros passos do pequeno narrador é uma tarefa fascinante; e pode-se observar na fonte, na nascente, a construção daquele fiozinho d’água que poderá, como diz Drummond em uma de suas poesias, transformar-se num caudal poderoso.

Nas narrativas em observação pode-se colher o desabrochar de alguns elementos textuais, bem como flagrar as tentativas de ajustar os elementos formais do texto, que a criança sabe serem necessários.

Os textos foram espontâneos, sem nenhuma espécie de motivação e não sofreram revisão. Nota-se à primeira vista que a narradora possui a concepção de que o texto é uma unidade formal, coesa, e não um amontoado de frases. Reconhece a presença de elementos tradicionais da narrativa, como a introdução, a complicação (onde as personagens deparam-se com um problema) e a resolução. Nota-se a predileção, já encontrada em outros textos de crianças, por elementos do sobrenatural, como fantasmas, monstros, extraterrestres, isto naturalmente por conta da onda atual de filmes que exploram o gênero.

A autora utiliza os marcadores de introdução e conclusão da narrativa: “um dia...” “e assim...”, que são usados nos dois textos. Aparenta entender o final da narrativa como um “retorno” para algum lugar, pois no primeiro texto o extraterrestre volta para seu planeta e no segundo os ursos voltam para sua casa.

Os problemas enfrentados pelos personagens são bastante ingênuos: o encontro com um fantasma e a escolha de um nome para o filhote urso, e ambos são resolvidos sem conflitos, na base da amizade, com o convite para tomar café ou champanha. Isso pode revelar que a criança encontra-se num estágio de amadurecimento da socialização, em que os problemas reais com os colegas deixam de ser resolvidos na base dos tapas e puxões de cabelo.

Na parte formal, reconhece, mas ainda não maneja com segurança, a distinção gráfica utilizada nos diálogos diretos, apresentando problemas quando se trata de indicar o próximo interlocutor: “- Quem é você e o fantasma falou...”, pois indica na própria pergunta a mudança de interlocutor. Não utiliza ainda os “dois pontos”. Há uma tentativa de uso do travessão no primeiro texto, demonstrando que a criança sente, sem que isso certamente lhe tenha sido ensinado, a necessidade de isolar uma informação adicional( ao monstro que – se chamava fredinei...).

Quanto ao uso de alguns elementos coesivos, percebe-se uma ligeira libertação do discurso oral, substituindo os clássicos “e daí...e então...” pela conjunção aditiva e. Não há ainda exploração de outros tipos de conjunção. Inicia o texto, nesta fase, apresentando os personagens com o uso do artigo definido ( a raposa... a dona ursa...) como se já fossem conhecidas do leitor. Isso pode caracterizar a despreocupação que ainda existe na criança quanto ao destinatário do texto. Constrói o objeto textual ainda para si própria, de maneira lúdica, como uma divertida brincadeira de “faz-de-conta”. E acrescenta: “todo mundo veio na festa”, onde bem evidencia a presença do pressuposto como elemento integrante da coerência textual – se houve um nascimento, naturalmente haverá uma festa de comemoração, pois na lógica infantil, alimentada pela tradição narrativa, os animais adotam os costumes dos humanos, a quem representam simbolicamente.

A maior habilidade encontrada na pequena narradora é na utilização dos tempos verbais. Na primeira narrativa, faz a apresentação da personagem no tempo presente, atual: a raposa existe e mora no mato. Quando passa a narrar o acontecido com a personagem, muda para o pretérito, que é o tempo próprio da narração ou do mundo narrado. No segundo texto, não é feita a apresentação da personagem, portanto não há também o tempo presente; a narrativa inicia no pretérito, e no desenvolvimento conta com a opção do gerúndio (trazendo).

Existe, portanto, perfeita coerência entre o fluir da narrativa e os tempos verbais utilizados, fruto de uma destreza que pode estar ausente em muitos redatores adultos inexperientes.

Pelas características de produção, adivinha-se que a criança preservou o essencial: sua liberdade para extravasar o que vai no seu mundo.





ANEXO



A RAPOSA



A raposa mora no mato. Um dia ela viu um fantasma, toda apavorada afalou.

- Quem é você e o fantasma falou.

- Eu sou um extraterrestre que vim do planeta chamado monstrolandia e logo depois a raposa ofereceu ao monstro que – se chamava fredinei para ir na casa dela que era no mato tomar um café e logo ela ficou amiga dele e assim o fredinei que era o fantasma foi o seu planeta chamado monstrolandia.



A FESTA NO BOSQUE PERDIDO



Um dia a dona ursa teve um filhotinho e todo mundo veio na festa do seu primeiro filho e veio a abelha trazendo o seu mel, o jacaré trazendo um pouco de água, o tatu trazendo mato e o canguru trazendo o seu filhinho para brincar com o ursinho. Mais tarde todo mundo se reuniu para escolher um nome para o ursinho o jacaré falou.

- bolinha.

E a abelha falou.

- abelhudo.

E o tatu falou.

- tratutino

e a dona ursa escolheu bolinha e depois mais todos tomaram champanha para comemorar e assim a dona ursa e o papai urso e seu filhinho foram

para casa.



D.R. ( 9 anos)









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