Dia da liberdade, de Tiradentes. Dia do messias tupiniquim que nasceu há duzentos e tantos anos. Nacionalista. Naquela época, já defendia, com seus discípulos, a libertação do Brasil do jugo estrangeiro para criar uma nação federativa, com justiça social e soberania. Combatia o Brazil, com z, dirigido com atitudes gananciosas pelos poderosos saduceus, e levava esperanças ao verdadeiro Brasil, povoado pela grande massa de fariseus, que sonhava com esse dia: libertas quae sera tamem.
Um Silva: Joaquim José da Silva Xavier, vulgo Tiradentes, um alferes. Líder nato, cheio de idéias para dar identidade ao nosso território. Não deu. Traído por um companheiro, a conspiração de Tiradentes foi sufocada facilmente pelas forças do caifás das Gerais, governador António de Albuquerque, no malsucedido episódio da Inconfidência Mineira de 1789. Coitado! Condenado pelo grande sinédrio formado por autoridades ultramarinas foi enforcado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. Os demais patriotas, seus discípulos, condenados ao degredo em Angola e Moçambique.
Como se não bastasse, Tiradentes teve o corpo esquartejado, membros arrancados, salgados e expostos na estrada que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Uma lição para marcar com pavor a memória dos idealistas brasileiros. Deu certo. Tiradentes ainda é mais lembrado pelo herói que foi cruelmente martirizado em nome da liberdade de um povo do que pela grandeza política de um líder republicano. Pena. Pouca gente se lembra até de uma importante mensagem que Tiradentes pontuava seus discursos: se todos quisessem, poderíamos fazer deste país uma grande Nação.
Cem anos depois, Bilac reforçou o pensamento do inconfidente com as palavras: Ame com fé e orgulho a terra em que nasceste. Bobagens. A Nação continua atrelada aos interesses de outros países. Internamente, vive em crise. Em todos os níveis; no Governo e fora dele. Por enquanto, a filosofia de Tiradentes continua só na memória de poucos brasileiros com sublime amor à pátria e querem fazer do Brasil uma Nação livre e soberana.
Os brasileiros se orgulham da Inconfidência Mineira, é claro. Mas, passados mais de duzentos anos de comemorações cívicas ainda não digerimos metade da linha de pensamento deste movimento que se tornou o núcleo da consciência nacional, quando um grupo de intelectuais, funcionários, padres e militares, imaginaram a possibilidade de livrar o território brasileiro do colonialismo português.
Outro Silva: Luis Inácio Lula da Silva, vulgo Lula, um metalúrgico. Líder nato, cheio de idéias para dar identidade nacional ao nosso país. Eleito presidente para garantir aos brasileiros a cidadania como ordem do dia. Esperança, ainda que tardia.
