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| Poesias-->MERGULHO NO FUNDO DE MINHA ALMA -- 20/01/2001 - 18:16 (ODAIR PERROTTI) |
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MERGULHO NO FUNDO DE MINHA ALMA
Mergulho no fundo de minha alma
e encontro cinzas, apenas cinzas
sem, sequer, uma nesga de fogo.
O fundo de minha alma está tão
escuro. Mais parece um poço muito fundo
onde reina a escuridão.
Sobrevivente, pela força da existência
me agarro a um balde e a uma corda
para não soçobrar nas aguas escuras
do poço.
Aproveito esse momento e me ponho
a refletir nas palavras belas dos livros positivistas:
não encontro solução. Meu peito não está aberto.
Silencioso, vou curtindo a amargura, sem desespero. Afinal se meu destino me trouxera
até alí, algo me queria mostrar.
Ah, mas como dói essa dor
Sózinho, sem perspectivas
E eu ali agarrado em meus unicos
salvadores: um balde e uma corda.
Todos os tratados de psicologia
passaram por minha cabeça
tentando me tirar desse escuro poço.
Essas mensagens de amor que nos mandam
Cheias de esperança eu as reli todas no
fundo de meu consciente. Nada, de sair do poço.
Não tinha forças prá subir pela corda
Me sentia frágil.
E o que me prendia mais era a escuridão
do poço, escuridão de minha alma.
Certo dia, uma criança veio brincar
pelos arredores e sentou à beira
do poço. Repousou sobre sua borda
uma lanterna acesa, que num lampejo
veio caindo e depositou-se em meu balde vazio.
De sobressalto, vi-me sentado à borda com a
lanterna na mão e a devolvi à criança.
Conversamos. Ele estava ferido na perna.
Fiz um curativo em sua perna ferida
e começamos a brincar.
Brincamos até cansar.
Quando a criança foi embora
reparei o brilho da Lua nas plantas,
seu reflexo em torno de si mesma,
Me deu uma sensação de bem estar.
Respirei fundo buscando resquícios de
minha alma escura. Nada encontrei.
Olhei para minha modesta casa de madeira
onde reluzia uma luz. Entre e encontrei minha
mulher bordando um lindo lenço de linho.
Dei-lhe um beijo com muito carinho em sua
fronte. Ela sorriu com ternura e fui dormir
o sonho dos anjos. Minha doação me redimira.
p/ o ANJO DE UMA ASA
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