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Contos-->Bem-vindo à vida -- 31/01/2006 - 21:18 (Bruno D Angelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A porta automática se fechou alguns segundos depois que ele deixou o hotel luxuoso. Mão no bolso, gorro preto na cabeça, nariz avermelhado. O vento frio cortava sua pele. Estava em uma cidade que não lhe pertencia, onde a solidão das ruas misturava-se com a sua própria, por mais clichê que isso lhe soasse aos ouvidos.

Longe de casa, nem assim tão longe, sentia falta da família que há pouco queria ver a quilômetros de distância. Longe de casa, perto de seus pensamentos. Caminhava pela calçada. De quando em quando, avistava alguém que lhe parecia não querer estar ali por vontade própria, já que o frio era insuportável. Só ele continuava sua peregrinação rumo a algum lugar que lhe oferecesse uma bebida alcoólica e um alimento para lhe forrar o estômago barulhento e machucado.

Cidade gelada! Não que a dele não fizesse frente, mas ali, naquele momento, tudo lhe parecia mais polar, mais distante, de uma lonjura infinita. Pensou: talvez esta cidade seja mesmo a do vampiro sedento por pescoços gelados onde o sangue corre fervilhando em veias azuis.

Passos para frente, se bem que na realidade desejasse tanto ir para trás. Voltar ao hotel, deitar na cama espaçosa e quente, mesmo que sentisse calor, e fechar os olhos, esperando que os dias passassem tal qual flecha atirada por arqueiro e logo pudesse tomar o vôo de volta para casa, rever amigos, namorada, pai, mãe, cama, quarto, televisão, tudo que lhe fizesse sentir-se com algum sentido, protegido do mundo que abarca, chacoalha, engole.

Parou. Nada ali parecia levar a lugar algum. Quanta diferença! Seu mundo cosmopolita-provinciano estava sendo atacado pelo outro, pelo desconhecido e perdia a batalha, a guerra, na iminência de se decompor em micro-pedaços insossos. Perguntou ao manobrista de um restaurante pseudo-chique se havia algo ali que lhe lembrasse sua terra natal. Bar? O homem apontou o dedo para a frente, para alguns metros adiante, para o nada. Ele só podia avistar a escuridão, mas continuou, na esperança de que pudesse encontrar alma viva, que lhe fizesse sentir em casa, um pouco em casa, se é que isso talvez um dia fosse possível, novamente.

Por Bruno D Angelo
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