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Contos-->A MORTE DAS 137 GALINHAS E AS 12 CARTAS -- 16/02/2006 - 09:52 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MORTE DAS 137 GALINHAS E AS 12 CARTAS

Fernando Zocca


"Ele é bastardo, mas é nosso filho." (Ângela P. A. Monha)


As 137 galinhas caipiras da granja velha do seu João Rochedo sofreram muito com a afecção que as acometeu e, como não surgiu ninguém com algum remédio miraculoso para salvá-las, foram todas elas ao final, sacrificadas.
Seu João Rochedo então, com o passar dos dias foi atingido por um desânimo que o prostrou. O infeliz, tomado pela angústia sofria também, de vez em quando, com a diarréia que o levava às pressas ao banheiro. Diziam, aqueles que o conheciam, ser o fedor insuportável, apesar das pequenas quantidades expelidas.
O pobre João Rochedo, com aquela sua barriga enorme, pés sujos e halitose dos infernos, passou a sentir medo da morte, da solidão e também da multidão. Ele sonhava com incêndios nos prédios públicos da capital e acordava sempre muito suado.
As galinhas babaquaras mortas o deixaram pesaroso e faziam mesmo muita falta. Bastante triste, ele passava agora horas, sentado defronte a casa vizinha da granja.
Numa manhã de sábado, quando o portão frontal da abegoaria, amanheceu aberto, ele pode perceber que parou em frente sua propriedade um velhote enrugado. Tinha os cabelos brancos, seus olhos eram azuis e apesar da magreza extremada, fumava feito um louco degenerado.
O antigo parou seu Logus arcaico-ralado ao meio fio e vendo seu João desolado, sentado à soleira da porta, perguntou se podia ajudá-lo.
João Rochedo lembrou-se das galinhas camisão que amara tanto e, não podendo dizer nada, levantou-se acabrunhado, deixando só o solícito voluntário.
João acendeu seu derradeiro cigarro barato e vendo as horas passarem sem consolo ou prazer, foi ao quintal onde havia um fogão antigo. A porta do forno estava aberta. Ele desejou que algumas penosas ainda estivessem vivas para que, no domingo, pudesse come-las todas. Ah, mas que alegria quando isso acontecia!
A tristeza do João era tanta e tão notória era ela, que até chamou a atenção da sua irmã, a gordurosa doutora Ângela P. A. Monha.
A fofa se tocando, tomando ciência do problema, deu-se então ao trabalho de sair do conforto da região central de Tupinambicas das Linhas para saber do mano velho. Vencendo as dificuldades imensas para mover as ancas gordas, ela enfim, pode achegar-se ao mano sofrido.
Ao vê-lo naquele estado de indigência, Ângela P.A. Monha resolveu interná-lo. E lá se foram então os manos pançudos em direção ao hospital psiquiátrico de propriedade do emérito senhor professor doutor Brady Cardia.
Diante do médico psiquiatra, João começou a chorar e confessou achar que suas galinhas sofreram tanto por ter ele escrito as 12 cartas insultando Jarbas o prefeito caquético e testudo de Tupinambicas das Linhas.
Ângela P.A. Monha, indignada levantou-se de forma abrupta e postou-se diante do brother, considerado por ela, a partir daquele momento, um incomensurável verme sórdido. Irada ela exclamou: "João, você é um burro! Nós somos nós e você é a b...!" João revidou e assim, na bucha mandou: "O filho que você teve com ele é bastardo."
A mulher quase teve uma síncope. Respirou fundo, estufou o peito, botou as costas das mãos nas ancas gordas e batendo firme a sola do pé direito no chão retrucou contraindo o canto direito da boca: "Ele é bastardo, mas é nosso filho!"
Espancando aqueles sapatos 41 no piso frio do hospital ela saiu batendo a porta atrás de si.
O doutor Brady Cardia olhou fixo, por cima das lentes dos seus óculos, o paciente rígido à sua frente, e disse com muita calma: "Vamos começar seu João, com 120 mg diários de Diempax. Quem sabe daqui uns 90 dias o senhor já esteja melhor, não é mesmo?"


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