A Revolução Industrial provocou mudanças importantes na história da produção econômica e estabeleceu novos desafios para os administradores. Os artesãos e trabalhadores da era pré-industrial perderam assim o controle sobre produção, tanto em relação à matéria-prima como ao próprio local de trabalho, que era normalmente feito na casa do artesão, ou em pequenas oficinas onde o trabalho era realizado, quase sempre pela família do trabalhador. Com a introdução das máquinas, um novo ritmo foi imposto à produtividade de bens e o trabalhador passou a ser um participante do processo industrial e não mais aquele que produzia, vendia e entregava, ou seja, o dono da produção.
Com o surgimento das máquinas a vapor, as pequenas oficinas foram se mecanizando e aos poucos, transformando-se em pequenas fábricas onde o maquinário passou a substituir o esforço muscular.
A Revolução Industrial então, livrou o homem do esforço físico aplicado na produção de bens e produtos, que até então consumia uma grande quantidade de energia física. Toda a energia empregada nos seus músculos e nervos, para produzir alguma coisa, foi liberada. Foi liberada, mas não perdida.
O esforço mental no trabalho era então utilizado para focalizar a atenção no corpo físico, e aprimorar seus movimentos para a obtenção de resultados cada vez mais aperfeiçoados. Toda a energia consumida no trabalho e na produção estava concentrada na mente, porém, direcionada aos músculos e ao corpo.
O princípio físico da conservação da energia de Newton nos diz que, a quantidade de energia aplicada em um corpo é sempre conservada, ou seja, é transformada em outro tipo ou qualidade de energia, mas sua totalidade é sempre mantida.
Poderíamos perguntar, então: Para onde essa energia se deslocou? Como o homem passou a utilizar essa energia quando ele não precisou mais do seu corpo, de uma maneira tão intensa, para produzir e trabalhar?
Podemos supor, em decorrência disso, que a economia desse esforço liberou também toda a energia envolvida num ponto desse processo, que passou a ser empregada em outros níveis da mente humana.
As manifestações coletivas de esforços, pensamentos, emoções e imagens tomam a característica de arquétipos, que funcionam como sendo modelos típicos ou moldes, formadores de imagens, idéias e símbolos.
É interessante notar, então, que a atenção da mente dirigida ao corpo, tendo se deslocado para outro ponto, propiciou também uma transferência de energia que começou a produzir efeitos na mente coletiva, dado esse princípio de conservação.
As máquinas empregadas nos processos produtivos permitiram, como vimos, que o homem utilizasse mais a sua mente, em vez de seus músculos. O homem, embora livre dessas tarefas, ainda não contava com instrumentos capazes de libertá-lo do esforço mental repetitivo, exigido por tarefas que o obrigava a utilizar instrumentos de cálculos rudimentares, que necessitavam de uma grande intervenção de sua atenção mental. Esse esforço mental, consumindo ainda grande parte dessa energia, o “aprisionava”, impedindo que tivesse acesso a outros níveis de sua mente.
A energia que estava aprisionada nos músculos e nos nervos, na era artesanal, foi liberada para a mente, na era industrial, mas que ainda estava limitada a uma dimensão cerebral.
Esse deslocamento de energia de um nível para o outro (do físico para mente) é um ponto fundamental para a nossa reflexão. O que essa energia, agora na mente, começou a produzir? Que efeitos na mente coletiva, começaram a ser produzidos? Que arquétipos começaram a influenciar a atividade humana, a partir desse momento?
Os fenômenos físicos são entendidos sob dois pontos de vista: o mecanicista e o energético. Na visão mecanicista um fenômeno tem uma causa, e portanto, tais fenômenos são compreendidos no seu contexto causal, o que quer dizer que existe uma divisão clara entre efeito como manifestação de uma causa. Na visão energética, tanto a causa como o efeito, pertencem a um mundo em que os fenômenos são avaliados como possibilidades, ou melhor, como probabilidades de possibilidades e que possuem uma intenção ou uma finalidade, cuja raiz é uma energia que se mantém constante e em estado de equilíbrio.
Vemos então, que a concepção energética não é apenas filosoficamente admissível na medida em que a natureza das coisas, em última análise, não pode ser explicada do ponto de vista material, ou seja, certos fenômenos não podem ser traduzidos em eventos matematicamente equacionados. O quer dizer que a física precisa procurar explicações, para esses eventos, fora do contexto causa-efeito-matéria.
Do ponto de vista psicológico e energético a invenção das máquinas é um mecanismo que possibilitou ao homem liberar-se não só de um esforço físico, mas exteriorizar sua própria natureza, ou seja, sua Alma. Jung em seu livro, A Energia Psíquica, afirma: “Da mesma forma que o homem conseguiu inventar uma turbina e, conduzindo o curso da água para ela, transformar a energia cinética nela contida em eletricidade, capaz de multiplicar aplicações, assim também conseguiu, com a ajuda de um mecanismo psíquico, converter os instintos naturais – que de outra maneira, seguiriam sua tendência natural -, em outras formas dinâmicas que tornam possível a produção de trabalho”.
Se considerarmos o esforço da produção humana, substituindo seu empenho físico e muscular, por máquinas que possam agilizar a obtenção de resultados, veremos que há um propósito ou uma finalidade nesse desenvolvimento, que não se justifica somente a partir de uma abordagem econômica, ou que possa ser entendida apenas do ponto de vista histórico.
Essa evolução, do status energético na produção e do trabalho humano, se dirige e se desenvolve para ativar a atuação da Alma, no trabalho e nas empresas. Essa idéia pressupõe uma finalidade, que só pode ser entendida a partir de uma concepção energética e de sua transformação, cuja iniciativa provém da própria Alma humana. O que quero dizer é que a Alma tem um propósito, que é o de liberar o homem de esforços desnecessários, que o impediriam de realizar sua plenitude como Ser Humano.
Já estamos vivendo em um mundo, onde essas manifestações estão surgindo, viabilizadas pela utilização da tecnologia, principalmente com a introdução do uso de computadores no nosso cotidiano. Essa aplicação prática está possibilitando o desenvolvimento de uma nova consciência, que é aquela que preconiza o “fim da era física”, como também, o fim da “era do intelecto”. Já não precisamos mais estar fisicamente em um lugar para falarmos com outras pessoas, ou trabalharmos em grupo. A internet é uma prova disso.
Estamos também tomando decisões administrativas, não somente baseadas em nosso quociente de inteligência. Novas teorias sobre a inteligência já surgiram, como a Inteligência Emocional, e outras, estão surgindo no cenário mundial, para explicar, ou para atender a uma nova exigência. Estamos agora, vivenciando a era do mundo virtual, que não é outra coisa senão uma das manifestações possíveis da nossa Alma.
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