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Poesias-->Bailarina -- 18/02/2007 - 12:53 (Silvio Guerini) |
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As luzes se apagam
o som da música enche todo o lugar
envolto em nuvens brancas de fumaça
bordadas com os fachos das luzes coloridas
que serpenteiam ao sabor do ritmo
que hipnotizam
que marcam o momento
fazendo o coração repetir a canção
como um instrumento
afinado
nuvens brancas de fumaça
entrecortadas pelo verde do raio de luz
laser preciso
montando desenhos incertos no ar
prenunciando beleza
anunciando desejo
profetizando paixão
expectativa que aumenta
olhos atentos
sentidos à flor da pele
esperando
desejando
e no meio de tudo
como que saindo do nada
no meio do palco
mansamente surge
imponente
graciosa
tua figura
bailarina
roupas brancas de cetim
véus soltos
na cintura que insinua
levemente revoltos
vestindo teu corpo
esguio
tua nudez
tez de um veludo macio
olhos de todos vidrados
no movimento suave das tuas mãos
feito fada enfeitiçando mortais
presos... indefesos...
como sacerdotisa abrindo imensos portais
por onde voa a fantasia
por onde entra a emoção
imagem que extasia
que falseia a visão
e de repente
silêncio profundo
canção que para
ninguém repara
nem dá bola pro mundo
que só desperta
quando os acordes do violino
fazendo amor com o som meloso
de um solo de violoncelo
se entrelaçam na atmosfera
caleidoscópio mais que belo
misturando fumaça... vida... ilusão
num louco cenário que encanta
e realça
teu semblante sério... enigmático
olhos que fitam
em puro transe
rosto sério
criando ar de mistério
através das nuvens de fumaça tingidas
esculpidas pelas cores das luzes que vagam
que dançam
delicadamente transparecidas
mimetizando teu rosto
angelical
infernal
semblante de mulher fatal
candura de menina
olhar de desejo mortal
cena que fascina
momento de magia sem igual
e tua boca vermelha que provoca
econômica em sorrisos
abundante de emoções
simplesmente... desejos
louca por beijos
cabelo no rosto que desliza
sedutoramente mostrando
tua beleza que enfatiza
teu corpo pequeno que seduz
e me arrebata
e me deixa nas tuas mãos
refém
do desejo de ter
de conter
meu corpo no teu
sonho que invade todos
e inunda cada um de desejos
e os olhos gulosos e vidrados
da platéia... que agora dominas
parecem encantados
enfeitiçados
e quando a música de novo começa
sedutora
ritmo forte estremecendo o chão
momento intenso
corpo arrepiando por inteiro
eletrificado de paixão
respiração suspensa no ar
e como por encanto
como num passe de mágica
teu corpo sai voando do chão
flutuando pelo palco
esvoaçando malícia
leve feito pluma ao vento
espalhando desejos
gracejos
sedução em movimento
se elevando do chão
com graça
como pássaro num céu de verão
num vôo solitário da alma
como fada e sua vara de condão
selando meu carma
desnudando meu coração
e através dos movimentos
marcados no compasso do som
giros... gestos... encantamentos
deixa
gentilmente... cair um véu
corpo que se expõe
nudez que aflora
meio tímida
que transparece pelas tiras que te cobrem
e não escondem o que queres mostrar
no teu auge
nem ocultam o que queres esconder
e um pouco mais do teu corpo que surge
moreno... molhado
brilha intenso contra a luz
que se acanha ao te tocar
e me deixa atordoado
pele de seda... trigueira
refletindo essa cor do pecado
que te faz faceira
flutuando leve pelo cenário
deixando um rastro de sonhos revelado
de um desejo ardente involuntário
que me venceu... encantado
e o mundo... parece que pára
o tempo... deixa de existir
a vida te celebra
candidamente
doce menina
e te enfeita
minha gentil bailarina
E no final...
vestida apenas de você
trajando um tanto de emoção
ofegante
mostrando a pele curtida
molhada
confiante
envolta apenas no momento que eternizou
preso na minha retina
coisa marcante
acordes finais do som que termina
rosto cansado... mas satisfeito
sorriso abundante
que contamina
colhendo a energia que vem de todos
agradecidos pelo instante
totalmente embevecidos
pelo sonho contagiante
pela graça que nos deu
faceira menina
esse jeito só teu
que me domina
minha doce bailarina
e neste instante...
parece que o mundo inteiro pára
só pra te ver girar
parece que o tempo se congela
só pra te ver passar
parece que a vida fotografa a cena
pra num quadro te emoldurar
menina marota
mulher ferina
eterna garota
minha gentil dançarina
fada dos meus sonhos mais insanos
de um prazer que nunca termina
que me lambuza de prazeres mundanos
e faz a vida parecer um jardim
de beleza infinita que enfeita e contamina
que faz desta loucura um dançar sem fim
simplesmente menina
totalmente mulher
que me liberta
minha eterna... bailarina...
Silvio Guerini
28 de julho de 2005, 20h09
guerinis@uol.com.br
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