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Poesias-->Solidão -- 18/02/2007 - 13:07 (Silvio Guerini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O vento açoita meu rosto... impiedosamente...



O sol vai se pondo no horizonte distante...

onde céu e mar se juntam num só

nuvens baixas anunciando chuva

tintas de vinho

refletindo os raios avermelhados do sol poente...



Meus pés descalços revolvem a areia branca da praia...

formando desenhos incertos

riscos desordenados

criando símbolos e letras de um alfabeto mudo

de frases e palavras indecifráveis

que resumem a confusão que me preenche!



Uma gaivota distraída...

bem perto de mim

revira a areia molhada... buscando alimento

e de tempos em tempos

pára com a busca... e me encara

curiosa...

atenta...

como se fosse minha companheira de agonia

confidente...

zelosa...

parecendo entender o que fere meu peito

e numa algazarra infernal

mais ao longe

um bando de pássaros cruza o anoitecer à nossa frente

refletidos como formas difusas

contra um céu que começa a escurecer

aves apressadas que voam

na busca de seus ninhos

de um abrigo seguro... da noite que cai

da escuridão... que assusta

de mais um dia que se esvai...



Meu olhar se perde no vazio...

na imensidão do céu...

que começa a ser invadido por pequenos pontos de luz

e quando me dou conta...

procuro por teu olhar...

quiçá... perdido numa das estrelas que surgem

brilhante...

mas sinto a solidão dura... impiedosa

envolver meu corpo...

congelar minha alma...

e cego por inteiro

procuro... de novo... por teu olhar...

que um dia meu caminho iluminou

como um sol no céu a brilhar

e entre o desespero e a aceitação

fico perdido no meio...

confuso...

desnorteado...

atrás da luz que me envolvia...

brilhante...

da brandura enternecida do teu olhar

marcante...



A noite cai sorrateira...

como véu escuro que deixa o mundo sem cor

num labirinto de espectros em tons evanescentes

e quando me dou conta...

procuro por teu calor...

quiçá... misturado nas brumas do anoitecer

aconchegante...

mas sinto uma tristeza profunda... dilacerante

desconcertar meu corpo...

arranhar a minha alma...

e totalmente enregelado

procuro... de novo... por teu calor...

que me envolvia em ondas cálidas...

como suave e macio cobertor...

e entre a frustração e a ansiedade

fico sem saber para onde ir

perturbado...

coração apertado...

atrás do calor que me convinha...

ardente...

do contato sedutor da tua pele

seda envolvente...



A praia deserta me faz refém...

como presa indefesa do meu próprio desencanto

num calvário de mazelas e dor

e quando me dou conta...

procuro por teu carinho...

quiçá... entrelaçado nestas ondas que tocam meus pés

na doçura do teu ninho...

mas sinto um desconforto malvado... desconcertante

estremecer meu corpo...

chacoalhar minha alma...

e com meu ser carente

procuro... de novo... por teu carinho...

que trazia paz ao meu coração

que norteava meu rumo em desalinho...

e entre o vacilo e a coragem

fico em mim mesmo escondido

amedrontado...

destrambelhado...

atrás do toque que me rendia

satisfeito...

da magia poderosa do teu amor

perfeito...



O firmamento iluminado me encanta...

como canto de sereia... feito cantiga de ninar

me acorrentando no tempo que parece não passar

e quando me dou conta...

procuro por você... meu amor...

quiçá... anunciada nestas luzes sedutoras do arrebol

minha vida...

mas percebo que sonho... acordado...

corpo parado...

alma querendo fugir...

e duramente amargurado

procuro... de novo... por ti... meu amor...

como quem busca uma cura

que suavize esta imensa dor

e entre o desencanto e a esperança

vejo que a noite já passou

voando...

feito pássaro negro cortando os céus...

trazendo no bojo um novo dia...

incerto...

fazendo rolar farto meu pranto...

de peito aberto...



Uma gaivota distraída...

vai chegando mansamente...

revirando a areia fofa... procurando seu desjejum

e de tempos em tempos

pára com a procura... e me olha...

curiosa...

pensativa...

como se fosse velha conhecida...

amiga...

respeitosa...

parecendo entender porque meu pranto rola na areia

e numa algazarra infernal... matinal...

mais ao longe...

um bando de pássaros cruza o amanhecer à nossa frente

refletindo as luzes claras da aurora que chega

feito bólidos vivos reluzindo no espaço

aves descansadas que voam

correndo atrás de suas vidas

do alimento que nutre... que faz viver

da claridade... que revigora...

pra mais um dia vencer...



Meus pés descalços revolvem a areia molhada...

desenhando formas incertas...

traços ao léu...

montando letras e símbolos de um alfabeto maldito

de idéias e palavras interrompidas

que desnudam o vazio que me reveste!



O sol vai se erguendo no horizonte distante...

onde céu e mar se dão as mãos

nuvens brancas carregadas do cheiro da manhã

forjadas em brilhantes cristais de prata

refletem o brilho fulgurante do sol nascente...



O vento bate em meu rosto... implacavelmente...

sussurrando verdades que não quero ter

que me deixam nas mãos do destino

maldizendo ilusões que insisto manter

me prendendo no inferno... em desatino...



O vento sopra em meu rosto... ruidosamente...

gritando verdades que não quero ver

que maltratam meu combalido coração

trazendo nas mãos a vontade de querer

um remédio... que acabe com esta solidão...



o vento sopra em meu rosto... carinhosamente...





Silvio Guerini

01 de julho de 2005, 18h12

guerinis@uol.com.br





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